06 dezembro 2011

DEBAIXO DE SUAS ASAS, John Bevere.

Para toda a liderança, recomendamos a leitura e estudo dos Cap. 11, 12 e 13.

                                CAPÍTULO 11
                       OBEDIÊNCIA E SUBMISSÃO
           Nós podemos obedecer e nem sempre sermos submissos.
      Submissão possivelmente causa o maior número de mal entendidos
entre os cristãos. Discutiremos assuntos difíceis nos próximos três
capítulos. Durante dez anos eu ensinei sobre estarmos sob a cobertura de
Deus, e repetidamente ouvi questões como estas:
      • Obediência é incondicional?
      • E se eu não concordar com as decisões do meu líder?
      • E se a autoridade estiver tomando más decisões?
      • E se uma autoridade me disser para fazer algo errado?
      • Onde fica a linha divisória entre nós?
      Estas são excelentes questões que precisam ser respondidas se
quisermos confiantemente nos submeter à autoridade. Para começarmos,
olhemos o livro de Hebreus:
 "Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por
vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria
      e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros." (Hb. 13:7)
      O escritor distintamente exortou-nos em duas coisas: (1) obedecer
aqueles que governam sobre nós; e (2) sermos submissos a eles.
      Estas são duas coisas distintas, e é aqui que muitos ficam confusos.
Nós podemos obedecer e não, necessariamente, sermos submissos. Para
explicar, permita-me compartilhar um exemplo pessoal.
                          Não sendo alimentado
      Como mencionei num capítulo anterior, eu trabalhei para uma
grande igreja na parte sul dos Estados Unidos após uma pequena carreira
no meu campo de engenharia. Servi lá por quatro anos e meio como
assistente pessoal ao pastor. Foi uma posição de aprendizado maravilhoso,
e no primeiro ano fiquei entusiasmado ao ver que Deus pôde permitir que
eu servisse nesta posição em Seu Reino. Eu me lembro de até haver
pensado, Eu deveria pagá-lo por estar sendo permitido de fazer isto. Esta
fase de lua-de-mel durou cerca de um ano e depois começou a desaparecer,
primeiramente, de uma forma sutil, e depois, em um declínio rápido.
      Quanto mais perto eu chegava, mais defeitos eu via. A novidade e
entusiasmo não funcionavam mais para camuflarem. Eu estava tendo
dificuldades e questionamentos com relação ao que eu presenciava. Não
demorou muito tempo e estas imagens começaram a me perturbar. Eu
estava discordando mais do que concordando com a maneira como as
coisas eram feitas, como os problemas eram resolvidos e as decisões eram
tomadas.
      Comentários eram feitos que não pareciam se diferenciar do que eu
havia ouvido numa empresa secular. Se estes mencionados fossem
empregados, eu saberia que era uma questão de tempo e eles seriam
demitidos, ou iriam deixar a empresa por decisão própria. Geralmente eles
eram substituídos por pessoas que eu considerava ser de 'fala mais
mansa', mais enganadores. A maioria dos novos empregados pareciam
estar escorregando para outras posições chaves, como gerenciamento. Meu
pastor gostava de estar ao redor destas pessoas mais do que pessoas de
oração. Ele ria e gostava dos comentários irônicos, e parecia desinteressado
e distraído à companhia de cristãos sinceros. Eu estava assustado com seu
comportamento, e cedo me tornei crítico.
      Houve outras discrepâncias, e eu observava todas elas. Era um
ministério internacional, o que o tornava muito visado nos Estados Unidos.
Todos os programas requeriam muita influência humana e muito dinheiro
para manter as coisas funcionando. Tínhamos uma equipe de mais de 250,
e possuíamos tudo de primeira qualidade. Consultoria era trazida para nos
ajudar a levantar mais dinheiro para os programas existentes e para idéias
futuras. Eu era responsável por recebê-los. Sozinho em companhia deles,
eu ouvia suas discussões com meu pastor nestas reuniões. Eu questionava
comigo mesmo, Isto é um negócio ou um ministério? Quanto mais eu ouvia,
mais eu pensava, Isto é enganoso. Será que estes homens realmente se
preocupam com as pessoas, ou estão nisto só por causa do dinheiro? Por que
meu pastor se deixa ser cercado por pessoas como estes homens?
      O tempo inteiro eu estava rodeado por amigos que eram tão críticos
quanto eu. Eu me lembro distintamente de uma ocasião em que estávamos
jantando na casa de um casal de amigos. Nós dois estávamos servindo sob
a direção deste pastor e sua esposa. Discutimos a respeito de não estarmos
mais recebendo nada do ministério. Eu me lembro de haver dito, "Há seis
meses eu não tenho recebido nada do que tem sido pregado neste púlpito."
Todos concordaram, com exceção de minha esposa, que permaneceu em
silêncio.
      Eu ouvi repetidamente o comentário, "Nós simplesmente não temos
sido mais alimentados." Nós concordamos que nosso tempo servindo aquele
ministério parecia estar chegando ao fim. Sentimo-nos muito espirituais
sobre o assunto inteiro e estávamos convencidos que Deus estava nos
preparando para nos liberar e nos levar para outro ministério que Ele teria
para nós. Estávamos confiantes que nossos dias ali se aproximavam do
fim, e que estaríamos sendo promovidos.
                       O problema estava em mim
      Alguns dias mais tarde enquanto orava, Deus, em sua misericórdia,
trouxe à minha mente o problema que discutimos na casa daquele casal de
amigos. A frase 'não estamos sendo alimentados' não foi uma frase isolada
naquela noite, mas continuamente freqüentava meus pensamentos, até
mesmo quando eu estava assentado ouvindo a pregação do meu pastor
durante os cultos. À medida que eu ponderei a minha presente fome de não
estar sendo alimentado, o Espírito Santo firmemente me informou, O
problema não está no seu pastor, O problema está em você!
      Eu fiquei alarmado e quase em descrença questionei: Por que Deus
diria isto para mim? No passado, quando experimentava este tipo de
correção, muitas vezes eu hesitava em analisar a verdade no que eu havia
ouvido. Minha mente questionava, Você tem certeza que está falando com a
pessoa certa? (Á medida que amadurecemos, este questionamento deveria
acontecer com menos freqüência, pois começamos a perceber quão pouco
nós realmente sabemos).
      Eu questionei em voz alta, "Por que o problema está em mim?"
      O Senhor respondeu, Você continua trazendo à sua mente a falta de
estar sendo alimentado. O livro de Isaías diz, 'Se quiserdes e me
obedecerdes, comereis o melhor desta terra, mas se recusardes e fordes
rebeldes, sereis devorados à espada" (1:19-20).
      Eu sabia este versículo muito bem e pensei, Eu tenho sido muito
obediente. Mas o Espírito Santo continuou, Você obedece tudo o que lhe
dizem para fazer neste ministério, mas eu não disse, 'Se me obedecerdes
comereis o melhor desta terra; Eu disse, "Se quiserdes e me obedecerdes,.." e
o querer está ligado à atitude, e a sua atitude está completamente errada!
      Então ele me fez lembrar de quando eu estava no colegial, antes de
ter nascido de novo, meu show favorito de televisão era Baretta, toda
quarta-feira à noite. O dia de recolher o lixo era quinta-feira, e era
recolhido bem cedo. O lixo tinha que ser levado para fora bem cedinho, e a
responsabilidade era minha. Parecia que toda semana minha mãe vinha
exatamente no clímax do programa e perguntava, "Filho, você levou o lixo
para fora?"
      Minha resposta era, "Ainda não."
      Minha mãe dizia, "Eu quero que você se levante e o faça agora."
      Eu tinha que responder, "Sim senhora!", e fazê-lo.
      Se uma pessoa observasse meu comportamento, talvez ela teria
comentado sobre minha obediência e prontidão. No entanto, em meus
pensamentos, eu estava absolutamente reclamando, "Eu não acredito que
ela me fez levar o lixo exatamente no meio do meu programa de TV preferido.
Por que ela não pode esperar dez minutos até que o programa termine?"
      O Espírito Santo disse, Você foi obediente, mas você não estava
querendo. Sua atitude para com sua mãe não estava certa. A razão pela qual
você não está sendo alimentado (comendo do que é bom do Meu Reino) nesta
igreja é porque, embora você seja obediente, você não está querendo!
      Pude então perceber como esta minha atitude para com o pastor
havia me trazido para um lugar onde eu não mais recebia de Deus, e
também estava me levando para um território perigoso. Hebreus 13:17
conclui com estas palavras: "Porque isto não aproveita a vós outros".
      Meus olhos foram abertos. Eu me arrependi imediatamente. No
domingo seguinte fui à mesma igreja, me assentei no mesmo banco, e ouvi
o mesmo pastor ensinando sobre os mesmos assuntos. Mas aquela manhã
tudo foi diferente. Os céus se abriram e eu fiquei maravilhado com a
revelação que Deus me deu através da pregação do pastor. Eu fiquei
assentado quase que em lágrimas, pensando no que eu poderia haver
perdido nos últimos seis meses por causa da minha péssima atitude com
relação à autoridade sob a qual Deus havia me colocado.
      Quando não somos submissos a autoridades delegadas, nós
resistimos à autoridade de Deus porque estas pessoas foram designadas
por Ele! Deus quer que sejamos capazes de desfrutar livremente do
benefício da Sua mesa de banquete, a qual Ele tem preparado para nós.
      Obediência tem a ver com as nossas ações com relação à autoridade.
Submissão tem a ver com nossa atitude para com estas autoridades. É aí
que muitos se perdem. Deus olha para nossas ações exteriores, tanto
quanto para nossas atitudes cobertas em nosso coração. Davi disse estas
palavras para seu filho Salomão quando transferiu o trono para ele: "Tu,
meu filho Salomão, conhece o Deus de teu pai e serve-o de coração íntegro e
alma voluntária; porque o Senhor esquadrinha todos os corações e penetra
todos os desígnios do pensamento." (1 Cr. 28:9)
      Por esta razão, o escritor de Hebreus nos exortou a não somente
obedecermos os que estão acima de nós, mas também, a sermos
submissos. Quando Paulo disse para sermos sujeitos a autoridades e
governos, obediência estava ligada a uma atitude de submissão.
                  Atitude submissa mas não obediente
      Examinemos as palavras do escritor de Hebreus em uma tradução
diferente: "Obedecei aos vossos líderes e sede submissos para com eles."
(13:17) Eu ilustrei como podemos ser obedientes e não sermos submissos.
Contudo, o contrário também existe. Podemos ter uma atitude submissa,
mas não sermos obedientes. Um bom exemplo é a parábola que Jesus
contou dos dois filhos, discutida no capítulo 3. O filho teve uma atitude de
prontidão: "Sim, senhor, eu irei e trabalharei na vinha." Contudo, ele não
obedeceu. Jesus deixou claro que ele não fez a vontade do seu pai, embora
ele mentalmente tivesse consentido.
       Isto geralmente acontece em nossas igrejas hoje. Nós temos ótimas
intenções, aprovamos, sorrimos, e concordamos com as autoridades sobre
nós: "Eu o farei!" Então nós acabamos não fazendo, simplesmente porque
não é importante para nós. Eu gosto de chamar isto de rebelião requintada.
Não se deixe enganar; rebelião desta forma é tão mortífera quanto uma
rebelião declarada. Nenhuma destas formas é honrada no reino de Deus.
       As palavras de rebate de Jesus às igrejas no livro de Apocalipse
confirmam isto. Ele saúda cada igreja, "Conheço vossas obras", ou "conheço
vossos feitos" (Ap. 2-3). As igrejas tinham boas intenções e todas elas se
consideravam vivas, mas Jesus disse que por causa da desobediência delas
em seus feitos, elas estavam mortas. Lembre-se que Ele é Aquele que
"retribuirá a cada um segundo o seu procedimento" (Rm. 2:6). Boas
intenções não contarão no julgamento de Deus. Somente a fé verdadeira, a
qual é evidente pelos atos correspondentes de obras de obediência, é que
contarão.
                  Onde desenhamos a linha divisória
       Novamente lemos a ordenança de Deus, "Obedecei aos vossos líderes
e sede submissos para com eles". Como dissemos previamente, as pessoas
geralmente me perguntam com toda sinceridade, "onde fica a linha
divisória? Será que Deus espera que obedeçamos a autoridades,
independente do que elas nos ordenam fazer? E se me disserem para fazer
algo que é pecado?" A Bíblia nos ensina submissão incondicional a
autoridades, mas a Bíblia não ensina obediência incondicional. Lembre-se,
submissão tem a ver com atitude, e obediência tem a ver com a realização
do que nos ordenam fazer.
       A única vez — e eu quero enfatizar que esta é a única exceção na qual
não precisamos obedecer a autoridades — é quando elas nos dizem para
fazer algo que é diretamente contraditório ao que Deus deixa claro na Sua
Palavra. Em outras palavras, somos liberados desta obediência somente
quando os líderes nos ordenam pecar. Contudo, mesmo nestes casos
devemos manter uma atitude humilde e submissa.
       Nabucodonosor, o rei da Babilônia, foi um homem bruto e destruiu
muitos descendentes de Israel e a terra deles. Mesmo assim Deus o
chamou de Seu servo (Jr. 25:9; 27:5-7), novamente confirmando que Deus
é Aquele que dá autoridade aos homens. Este rei trouxe de volta o
remanescente do povo de Deus cativo à Babilônia. Dentre eles, estavam
Daniel, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego.
       O rei formulou um decreto que exigia que todo o povo se prostrasse
diante de uma imagem de ouro quando ouvissem o som de instrumentos
musicais. O decreto possuía conseqüência para aqueles que se recusassem
a obedecê-lO: eles seriam lançados numa fornalha de fogo. Os homens
hebreus temiam a Deus mais do que à fornalha de fogo e não obedeceram
ao mandamento do rei, pois este claramente violava diretamente o segundo
mandamento que Deus deu a Moisés, registrado na Torah. Eles
desobedeceram a ordenança do homem para obedeceram a ordenança de
Deus.
       Foi simplesmente uma questão de tempo até que a desobediência
deles chamou a atenção do rei Nabucodonosor. Ele ficou furioso com
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego e estes foram trazidos perante o rei para
serem questionados. Ouça as palavras deles: "Ó Nabucodonosor, quanto a
isto não necessitamos de te responder. Se o nosso Deus, a quem servimos,
quer livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos,
ó majestade. Se não, fica sabendo, ó majestade, que não serviremos a teus
deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste." (Dn. 3:16-18)
       Eles permaneceram firmes em obediência ao mandamento de Deus,
mas ainda assim falaram respeitosamente com o rei. Eles se dirigiram a
ele, dizendo, "Ó majestade"; eles não disseram, "Seu tirano, nunca faremos o
que você nos mandar!" Falar desta maneira desrespeitosa seria rebelião.
Devemos nos submeter a autoridades mesmo quando devemos desobedecer
ao que mandam.
       Vemos isto na instrução dada às esposas por Pedro: "Mulheres, sede
vós, igualmente, submissas a vosso próprio marido, para que, se ele ainda
não obedece à palavra, seja ganho, sem palavra alguma, por meio do
procedimento de sua esposa, ao observar o vosso honesto comportamento
cheio de temor." (1 Pe. 3:1-2)
        A esposa deve obedecer (Tt. 2:5), assim como também, honrar seu
marido com uma atitude submissa. Pedro deixou claro novamente o
paralelo entre comportamento e submissão. A esposa é admoestada para
que viva um estilo de vida de pureza e reverência para com a posição de
autoridade do seu marido, mesmo quando ele não é cristão. Ela não seria
obrigada a obedecer incondicionalmente se ele a pedisse para cometer um
pecado, mas ela deve ser incondicionalmente submissa e honrar a sua
posição de autoridade.
       Um possível exemplo seria uma esposa cristã que atende ao telefone,
mas seu marido não quer falar com quem ligou e lhe pede: 'Diga que não
estou aqui.'
       Uma resposta apropriada seria, "Querido, eu não vou mentir. Posso
dizer que você não está disponível para atender ao telefone?" Ela mantém
sua atitude de reverência à posição de autoridade, mas não desobedece ao
mandamento para que não minta.
       Pedro continuou dizendo,
    "Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos,
   adereços de ouro, aparato de vestuário; seja, porém, o homem interior do
   coração, unido ao incorruptível de um espírito manso e tranqüilo, que é de
    grande valor diante de Deus. Pois foi assim também que a si mesmas se
  ataviaram, outrora, as santas mulheres que esperavam em Deus, estando
  submissas a seu próprio marido, como fazia Sara, que obedeceu a Abraão,
  chamando-lhe de senhor, da qual vos tornastes filhas, praticando o bem e
                não temendo perturbação alguma." (1Pe. 3:3-6)
       A reverência de Sara era evidente na maneira em que ela honrou
Abraão como seu senhor e lhe obedeceu. 'Senhor' reflete sua atitude
submissa, e sua obediência mostra que ela não temia perturbação alguma.
O medo é um terrível capataz. O medo escarnece, 'Eu não posso crer em
Deus a ponto de me submeter ao meu marido ou a qualquer outra
autoridade. Eu preciso me proteger!' Devemos nos lembrar que é Deus, e
não um homem faminto por poder, que nos ordena a sermos submissos. Ao
nos submetermos a Ele, a proteção Dele estará sobre nós.
                        Pervertendo o mandamento
       Eu tenho me entristecido ao ouvir histórias de mulheres que
tomaram o mandamento de submissão incondicional e o aplicaram como
se fosse para obediência incondicional também. Já ouvi casos de maridos
não-cristãos que obrigaram suas mulheres a assistirem com eles vídeos
adultos perversos para prover excitação sexual, e suas esposas obedeceram
porque elas pensavam que não tinham base bíblica. Eu ouvi casos de
maridos que pediram que suas esposas fossem desonestas com eles, e elas
o fizeram. Ouvi casos de maridos que proibiram suas esposas de irem a
qualquer culto da igreja, e estas esposas simplesmente pararam de ir à
igreja. Estas ordenanças não devem ser obedecidas porque elas violam as
escrituras.
       Vamos mais adiante. Eu sei de casos de maridos que espancavam
seus filhos ou esposas, e as esposas cobriam este erro abusivo. Em outras
situações, crianças eram molestadas sexualmente, e as esposas não
fizeram nada. Isto é uma violação de uma premissa sobre a qual Deus
estabelece autoridade, e as mulheres, nestas situações, precisam entender
que Deus nunca iria querer que elas retrocedessem e não fizessem nada.
Se o marido está envolvido em um comportamento que representa uma
ameaça de vida, a esposa deve separar seus filhos e a si mesma dele, e não
retornar enquanto ela não estiver certa de que houve um verdadeiro
arrependimento.
       Até mesmo Davi, um guerreiro e homem de força, não ficou
passeando no palácio quando Saul o ameaçou. Ele fugiu e foi viver no
deserto, mas nunca perdeu sua atitude de reverência para com a
autoridade de Saul. A submissão de Davi à autoridade de Saul não cessou,
embora ele tivesse fugido da presença de Saul, e esperado o verdadeiro
arrependimento ou a justiça de Deus.
  Deus abençoa aqueles que não obedecem ordens que implicam
                                   pecado
       Existem outros casos onde a autoridade não foi obedecida. Faraó
ordenou que as parteiras hebréias matassem os bebês homens nascidos
das mulheres hebréias. Contudo, a Bíblia diz, "As parteiras, porém,
temeram a Deus e não fizeram como lhes ordenara o rei do Egito; antes,
deixaram viver os meninos." (Êx. 1:17) Deus se agradou tanto do
comportamento delas que as Escrituras recordam, "E, porque as parteiras
temeram a Deus, ele lhes constituiu família." (v.21) O Senhor as
recompensou porque elas desobedeceram um mandamento que implicava
pecado,
       O Sinédrio ordenou aos discípulos "que absolutamente não falassem,
nem ensinassem em o nome de Jesus. Mas Pedro e João lhe responderam:
"Julgai se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus;
pois nós não podemos deixar de falar das cousas que vimos e ouvimos." (At.
4:18-20) Como poderia eles, obedecerem a estes líderes quando Jesus já
lhes havia ordenado, "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda
criatura" (Mc. 16:15)? Eles não podiam! O Sinédrio ordenou algo aos
discípulos que ia contra o mandamento de Jesus, então eles
especificamente se recusaram. Ouça o que as Escrituras dizem a respeito
da decisão deles: "Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da
ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça." (At.
4:33) O temor que eles tinham de Deus lhes trouxe grandes bênçãos e
poder.
       Mesmo assim podemos ver a atitude de reverência e submissão na
resposta de Paulo ao Sinédrio. Quando foi levado perante eles, suas
primeiras palavras de defesa foram, "Varões e irmãos, tenho andando diante
de Deus com toda a boa consciência até o dia de hoje." (At. 23:1) Ao ouvir
estas palavras, o sumo sacerdote Ananias mandou que os que estavam
perto de Paulo lhe batessem na boca. Paulo então disse, "Deus há de te
ferir, parede branqueada!" Então lemos, "Os que estavam a seu lado
disseram: Estás injuriando o sumo sacerdote de Deus? Respondeu-lhe Paulo:
Não sabia, irmãos, que ele é sumo sacerdote; porque está escrito: Não
falarás mal de uma autoridade do teu povo." (At. 23:4-5)
       Ao ouvir que Ananias era um homem de autoridade, Paulo se
arrependeu de suas atitudes e palavras. Os discípulos não obedeceram ao
mandamento que contradizia as escrituras, mas eles mantiveram uma
atitude de submissão, pois eles sabiam, "As autoridades que existem são
constituídas por Deus."
         A decisão de Daniel sobre obedecer uma lei superior
       Nos dias de Daniel uma lei foi instituída, a qual dizia que qualquer
um que fizesse petições a outros deuses ou outros homens, a não ser o rei,
seria lançado numa cova de leões. Governadores invejosos iniciaram a lei
com o fim de destruírem Daniel. Os líderes corruptos instigaram ao rei
Dario para que assinasse a lei. Daniel nem mesmo considerou obediência à
lei; ele escolheu obedecer a Deus. Ele aderiu ao plano do salmista: "À tarde,
pela manhã, e ao meio-dia, farei minhas queixas e lamentarei, e Ele ouvirá a
minha voz." (Sl. 33:17)
       Leia sobre as ações de Daniel: "Daniel, pois, quando soube que a
escritura estava assinada, entrou em sua casa e, em cima, no seu quarto,
onde havia janelas abertas da banda de Jerusalém, três vezes ao dia, se
punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como
costumava fazer." (Dn. 6:10)
       A desobediência de Daniel foi reportada ao rei, que foi obrigado a
lançá-lo na cova dos leões. Mesmo assim a atitude submissa de Daniel
nunca insinuou sequer uma faceta de injustiça. Deus o livrou e fechou a
boca dos leões famintos e ele dormiu sem sofrer nenhum dano. Quando o
rei viu o que havia acontecido, aqueles que planejavam contra Daniel foram
lançados aos leões famintos, que os devoraram.
                          Nem sempre finais felizes
       Deus livrou estes santos, mas este não é sempre o caso. Leiamos em
Hebreus:
 "Alguns foram torturados, não aceitando seu resgate, para obterem superior
     ressurreição; outros, por sua vez, passaram pela prova de escárnios e
     açoites, sim, até de algemas e prisões. Foram apedrejados, provados,
  serrados pelo meio, mortos ao fio de espada; andaram peregrinos, vestidos
     de peles de ovelhas e de cabras, necessitados e afligidos, maltratados
            (homens dos quais o mundo não era digno)." (11:35-38)
       Estes homens e mulheres receberam tratamento injusto e brutal
destes líderes.
       Tertuliano, que foi um professor da igreja primitiva e viveu entre 140
e 230 D.C., lembrou aos cidadãos e líderes romanos que aquela
perseguição somente aumentaria e fortaleceria a causa cristã. Ele escreveu,
"Quanto mais vocês nos cortarem, mais em número cresceremos. O sangue
de cristão é como uma semente" (Apology, capítulo 50).
       Permita-me repetir as palavras deste desconhecido romano que
descreveu os cristãos perseguidos,
 "Eles vivem em seus países como simples viajantes. Eles são de carne, mas
      não vivem segundo a carne. Eles passam seus dias na terra, mas a
  cidadania deles é celestial. Eles obedecem às leis prescritas, e ao mesmo
    tempo, eles superam as leis com sua vida. Aqueles que os odeiam, são
incapazes de dar uma razão para este ódio" (Carta a Diognetus, capítulo 5).
       Eles obedeceram e se submeteram, e ainda assim, superaram a mera
obediência com sua atitude de reverência e comportamento submisso.
Novamente, como vimos na exortação de Pedro, o resultado do
comportamento destes cristãos para com autoridades injustas fez com que
eles fossem frustrados e que alguns fossem ganhos para o Senhor.
                              Sem meio termo
       Quer a autoridade seja civil, da família, da igreja, ou social, Deus
admoesta para que nossa atitude seja submissa, e devemos obedecer em
ação, a menos que a autoridade nos diga para fazermos algo que é visto
claramente nas escrituras como pecado. Deixe-me enfatizar a palavra
claramente. Nos casos citados, os cristãos não obedeceram quando foram
ordenados a negar a Cristo, matar, adorar outros deuses, ou subverter
diretamente algum comando de Jesus. Eles não estavam em situações de
meio termo ou que exigiam um julgamento.
       Aqui está um exemplo de meio termo que eu tenho ouvido de pessoas
que trabalham no ministério: "Meu pastor me disse para não aconselhar ou
orar por pessoas durante as horas de trabalho, mas isto não é ter o amor de
Deus, e não andar em amor é pecado, então eu tenho que fazê-lo." Isto é
uma opinião ou julgamento da pessoa sob autoridade. Esta é a
interpretação dela. O pastor não pediu que ela violasse a palavra de Deus.
Além do mais, elas são pagas para digitar, arquivar ou processar dados, ou
qualquer outra forma de serviço, e não para orar.
       Em essência, estas pessoas, por causa de insubordinação, acabam,
em último estágio, roubando. Se elas realmente têm o coração em orar por
pessoas, elas deveriam pedir ao pastor autorização para chamar estas
pessoas que precisam de oração em seu tempo próprio ou depois das horas
de serviço. Se o pastor ainda não estiver confortável com essa idéia, ele
pode sentir que os obreiros não estão apropriadamente treinados para
aconselhar pessoas que pedem ajuda ao ministério. Se o pastor tiver
tomado alguma decisão ruim com esta medida, ele responderá a Deus por
isso, mas este julgamento não diz respeito às pessoas que estão sob sua
autoridade. Este é meramente um dos milhares de exemplos, mas o alvo
permanece o mesmo: somente podemos desobedecer autoridades quando
existe uma clara violação da Palavra.
       Você pode ainda questionar: "Mas e se a autoridade na minha vida me
diz para fazer algo que eu não concordo? E se esta autoridade me diz para
fazer algo que é claramente tolice? E se esta autoridade me pede para fazer
algo que é exatamente o oposto do que me foi mostrado em oração?" Eu darei
respostas nas escrituras para estas questões no próximo capítulo.
                               CAPÍTULO 12
             E SE A AUTORIDADE ME DISSER PARA...?
  O que devemos seguir é a revelação de autoridade, a qual é uma revelação
         do próprio Deus, pois Ele e Sua Autoridade são inseparáveis
       Todos nós temos encontrado pessoas que estão insatisfeitas com os
líderes sobre ele. Elas reclamam sobre técnicas que não produzem efeito ou
decisões tomadas sem sabedoria, e quão negativamente elas têm afetado
sua vida. Elas reclamam que muitas coisas foram prometidas por estes
líderes, mas ainda estão esperando que estas coisas aconteçam. Na
verdade, as coisas parecem estar andando para trás. Elas têm certeza de
que o pastor está errado e questionam achando que a autoridade do pastor
é separada da autoridade de Deus. Este questionamento abre uma porta
para a murmuração, que finalmente se manifestará em um comportamento
de insubordinação. É somente uma questão de tempo e elas estarão
flertando com o engano e serão seduzidas para longe da autoridade que
Deus colocou sobre elas para lhes proporcionar crescimento e proteção.
               As coisas eram muito melhores sem você!
       O povo de Israel seguiu este padrão. Houve vezes em que eles se
referiram à liderança de Moisés como sem efeito e, até mesmo, prejudicial.
No entanto, as coisas não começaram desta forma. Quando Moisés
apareceu em cena após seu tratamento no deserto, ele se encontrou com os
líderes de Israel antes de se encontrar com Faraó. Ele compartilhou como o
Senhor o havia enviado para libertá-los e lhes fazer subir "daquela terra a
uma terra boa e ampla, terra que mana leite e mel" (Êx. 3:8). Quando
ouviram as boas novas, eles creram em Moisés e adoraram a Deus. Houve
um sentimento de felicidade porque eles viam o prometido líder vindo de
Deus que os tiraria daquela escravidão.
       Moisés deixou o encontro, foi até Faraó, e proclamou a exata
mensagem que Deus lhe havia dado nas montanhas, "Assim diz o Senhor,
Deus de Israel: Deixa ir o meu povo." (Ex. 5:1)
       Faraó respondeu, "Quem é o Senhor, para que Lhe ouça eu a voz e
deixe ir a Israel? Não conheço o Senhor, nem tampouco deixarei ir a Israel.
Por que, Moisés e Arão, por que interrompeis o povo no seu trabalho?
Naquele mesmo dia, pois, deu ordem Faraó aos seus superintendentes do
povo e aos seus capatazes: Agrave-se o serviço sobre esses homens" (v.2).
       Não lhes seria mais providenciada a palha para o enfadonho serviço
de fazerem os tijolos que os Israelitas deveriam produzir todos os dias. Eles
agora iriam ter que ajuntar à noite e produzir de dia. O número de tijolos
não seria diminuído, embora a palha não lhes fosse mais providenciada.
      Os Israelitas se espalharam pela terra em busca de palha. Os
senhores dos escravos eram brutais. Açoitando-os com chicotes, eles
brutalmente ordenavam, "Acabai a vossa tarefa do dia, como quando havia
palha!" (Êx. 5:13)
      Eles açoitavam os capatazes dos filhos de Israel: "Por que não
acabastes nem ontem nem hoje a vossa tarefa?" Eles demandavam.
      Então os capatazes foram a Faraó e lhe pediram. "Por favor, não nos
trate desta maneira," eles pediram. "Não nos é dada a palha, mas mesmo
assim temos que produzir a mesma quantia de tijolos. Somos açoitados por
algo que não é nossa culpa! É culpa de vossos superintendentes que fazem
exigências acima dos limites." (Êx. 5:16)
      Mas Faraó respondeu, "Vocês estão ociosos! Vocês obviamente não
têm o suficiente para fazer. Se tivessem, não estariam dizendo, 'Vamos,
sacrifiquemos ao Senhor!' Ide pois, e trabalhai; palha porém, não se vos
dará; contudo, dareis a mesma quantidade de tijolos." (Veja Êx. 5: 17-18.)
       Ao verem que Faraó não iria diminuir suas exigências, os capatazes
israelitas viram que eles estavam com um grande problema. Assim que
saíram da corte de Faraó, eles se encontraram com Moisés e Arão, que
estavam esperando lá fora por eles. "Olhe o Senhor para vós outros e vos
julgue, porquanto nos fizestes odiosos aos olhos de Faraó e diante dos seus
servos, dando-lhes a espada na mão para nos matar." (Êx. 5:21)
      O povo de Israel agora estava irado com a liderança de Moisés. Sua
pregação e suas diretrizes trouxeram aflição e dificuldade sobre eles. Eles
começaram a separar a autoridade dele da autoridade de Deus, sendo isto
evidenciado ao chamarem o julgamento divino sobre ele.
      Foi culpa de Moisés. Se ele os houvesse deixado quietos, Faraó não
teria lidado com eles de maneira tão severa. Eles erraram em não
reconhecer que Deus, e não o diabo, nem algum líder confuso, é quem
orquestraria a ordem dos eventos. Nada ultrapassaria Seus planos e Seu
conhecimento. O Senhor ordenou a Moisés que falasse a Faraó. Deus, e
não o diabo, ou nem mesmo Moisés, foi quem endureceu o coração de
Faraó! Isto fica claro quando lemos as palavras em diversas passagens:
"Mas o Senhor endureceu o coração de Faraó, que não permitiu que saíssem
da sua terra os filhos de Israel." (Êx. 11:10) (Veja também 9:12, 10:1, 20,
27.) Quanto mais endurecido o coração de Faraó, mais miserável a vida se
tornava para os descendentes de Abraão.
      Após muita tribulação, os Israelitas foram livres do Egito, somente
para vagar num vasto deserto. Sem água nem comida, eles começaram a
questionar: Moisés não havia prometido a eles liberdade e abundância?
"Uma terra boa e ampla, terra que mana leite e mel." Era uma terra ampla,
tudo bem, mas por mais otimista que quisessem ser, não havia nenhum leite
ou mel à vista! Que idéia é esta de provisão ou liberdade? Será que ele foi
mesmo enviado por Deus?
      Após três dias em escassez, Moisés os levou para um lugar chamado
Mara onde encontraram água. Eles provavelmente pensaram, Tudo bem, as
coisas devem começar a melhorar. Contudo, logo descobriram que não
podiam beber daquela água porque era amarga. Eles não podiam acreditar,
e uma onda de descrença surgiu entre eles. A crítica piorava, à medida que
murmuravam entre si e com Moisés. A frustração se alastrou como um
câncer que afeta toda uma congregação. Talvez Moisés soubesse o
suficiente para tirá-los daquela terra, mas não o suficiente para levá-los
para a nova terra.
      O povo continuou a murmurar com Moisés e Arão, "Quem nos dera
tivéssemos morrido pela mão do Senhor na terra do Egito, quando estávamos
sentados junto às panelas de carne e comíamos pão a fartar! Pois nos
trouxestes a este deserto para matardes de fome toda esta multidão." (Ex.
16:3)
      Eles estavam fartos daquilo! A liderança de Moisés provou ser errônea
por muitas maneiras. A vida não era melhor antes de ele ter exercido
autoridade? Tudo o que conheciam era o estresse e dificuldades impostas
por causa da sua pregação no Egito. Seu líder lhes prometeu uma terra que
mana leite e mel, mas eles só enxergavam solo partido, cobras e escorpiões
no deserto. Seu líder só poderia ter errado em algum ponto, ou então ele
não era de Deus. Pelo menos sob Faraó eles tinham comida. Moisés parecia
ter como intento a tortura e a fome. A vida era melhor no Egito! Eles
murmuraram, ao ponto de dizerem uns aos outros, "Levantemos um capitão
e voltemos para o Egito!" (Nm. 14:4)
      Mas ouça a palavra que Moisés disse àqueles que estavam cansados
com sua liderança dada por Deus: "O Senhor ouviu as vossas murmurações,
com que vos queixas contra ele; pois quem somos nós? As vossas
murmurações não são contra nós, e sim contra o Senhor." (Êx. 16:8)
      Aqueles homens e mulheres pensaram que sua insubordinação era
contra Moisés e que de nenhuma maneira estava conectada a Deus. Eles
pensaram que tinham conseguido com sucesso separar e discernir os dois.
Eles viviam pelo questionamento, ao invés de viverem pelo princípio da
obediência. Aqueles que andam no questionamento limitado, produzido
pelo que pode ser visto e pelas circunstâncias, se encontram no caminho
da loucura. Eles não atingem seu destino, ao passo que aqueles que
reconhecem e obedecem à autoridade, alcançam as promessas, assim como
Josué e Calebe o fizeram.
                     E se eu tiver discernimento...?
      Você pode se considerar mais sábio do que os filhos de Israel que
julgaram pelo óbvio e pelos efeitos imediatos das decisões do líder. Você
pode se fantasiar a si mesmo como mais espiritual, assim como Josué.
Você teria tido o discernimento de que Moisés estava certo e nunca teria
respondido como o povo de Israel o fez; você teria estado ao lado de Josué.
       Pode até ser que seja verdade, mas nós precisamos ter cuidado antes
de tirarmos certas conclusões. Os fariseus insistiram, "Se tivéssemos vivido
nos dias de nossos pais, não teríamos sido seus cúmplices." (Mt. 22:30) Mas
mesmo assim, Jesus disse que eles tinham o mesmo espírito de seus pais.
É sempre fácil distinguir o certo do errado quando o problema todo já
existiu e livros já foram escritos. O que separou Josué do restante dos seus
companheiros não foi o discernimento, mas sua habilidade em reconhecer
e se submeter à verdadeira autoridade. A partir disto é que veio o
verdadeiro discernimento.
       Eu ouço vozes de desaprovação ecoando entre muitos que dizem ter
discernimento, mas que possuem corações insubordinados. Até mesmo
enquanto estou escrevendo este livro, acabo de receber nas últimas vinte e
quatro horas uma carta na qual eu tive que lidar com "Eu me submeto
enquanto estou concordando"; tipo de atitude junto com 'habilidade de
discernir'. Aqueles que pensam desta maneira acham incorretamente que
existe uma maneira de saírem de sob a verdadeira submissão.
                      Quem o colocou nesta posição?
       Você deve questionar, "E se eu tiver o discernimento de que meu líder
não está tomando a decisão correta? Eu devo, ainda assim, obedecê-lo,
sabendo que ele está condenado ao insucesso?" Ao refletir sobre anos em
que servi, lembro-me que muitas vezes senti esta frustração: "Eles estão
tomando uma decisão ruim! Estão errados perante Deus! Eles foram
influenciados negativamente. Eu simplesmente não posso me submeter a
isto!" No entanto, na maioria das vezes era o meu coração que estava
manifestando sua vontade por independência.
       Eu havia servido como assistente administrativo do meu pastor por
um ano e me encontrei questionando muitas decisões. Suas diretrizes
sempre passavam por minha mesa antes de serem distribuídas aos líderes
dos departamentos. Inúmeras vezes pensei que suas decisões não eram
sábias e murmurava no meu coração contra eles. Um dia o Espírito falou
comigo, Eu tenho uma pergunta para você.
       Minhas experiências têm me ensinado que, quando Deus me
questiona, Ele está prestes a expor minha falta de sabedoria. Eu respondi,
"Sim, Senhor!"
       Eu o coloquei na posição de pastor, ou coloquei a ele na posição de
pastor?
       Eu disse, "Tu colocastes a ele nesta posição."
       O Senhor rapidamente me disse, Muito bem. Portanto, mostrarei a ele
coisas que não preciso mostrar a você, e muitas das vezes, o privarei da
sabedoria das decisões dele com um propósito, para ver se você o seguirá à
medida que ele segue a Mim.
       Geralmente, meses depois eu via que a sabedoria da decisão do meu
pastor vinha à tona. Eu via, e as luzes pareciam se acender; percebia que
mais uma vez eu havia sido levado pelo meu questionamento, me exaltando
acima do princípio da obediência. São estas coisas que causam divisões
nas igrejas, nos lares e nos negócios. Deus não limitou nossa submissão a
autoridades quando conseguimos ver a sabedoria em suas decisões,
quando concordamos com elas, ou até mesmo gostamos do que elas nos
dizem. Ele somente disse: "Obedecei!"
       Mais tarde o Senhor disse ao meu coração, John, se quisesse que
todos os cristãos tivessem todas as informações, sabedoria e direção
somente vindos em oração e comunhão Comigo, então Eu nunca teria
instituído autoridade na igreja. Coloquei autoridades na igreja com o exato
intento de que Meus filhos não pudessem obter tudo que precisam somente
através seus momentos de oração. Eles teriam que aprender a reconhecer e
ouvir minha voz através dos líderes também.
       Não é nossa responsabilidade julgarmos as decisões da liderança,
nem mesmo julgar os resultados após os fatos. Aquele que colocou a
pessoa em autoridade é que o fará. Se os Israelitas tivessem sido
autorizados a julgar as decisões de Moisés, ele teria perdido sua paciência e
retornado para o Egito.
       Os líderes serão julgados, e nós também seremos. Eles serão julgados
por suas decisões, e o julgamento deles será muito mais severo do que o
nosso. Por esta razão Jesus advertiu, "Mas àquele a quem muito foi dado,
muito lhe será exigido." (Lc. 12:49) E Tiago também advertiu: "Meus irmãos,
não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber
maior juízo." (3:1)
       Por outro lado, nosso julgamento será relativo à nossa submissão,
pois autoridade é estabelecida por Deus. Resistir à autoridade delegada por
Deus é resistir à autoridade de Deus. Nós não devemos tomar sobre nós a
pressão de discernir de antemão se líderes estão certos ou não. Nem
mesmo devemos julgar os fatos. Este não é nosso fardo, mas sim, o de
Deus. Ele somente conhece e pode mudar o coração como bem o quiser.
                  O coração do líder nas mãos de Deus
       Retornando ao testemunho que dei no capítulo 1, quando meu pastor
anunciou o cancelamento das células na igreja, não somente cria que ele
estava errado, mas eu também cri que foi influenciado a tomar decisões
contra mim. Houve outro acontecimento que não mencionei, que revolvia
em torno do meu superior, o gerente do escritório. Ele não gostava de mim
e procurava uma maneira de me ver sendo mandado embora.
       Para realizar isto, ele erigiu uma parede de separação entre mim e
meu pastor dando reportagens negativas de uns aos outros. A maioria,
obviamente, não era verdade. Para complementar, ele desencadeou uma
campanha de memorandos que especificamente me atingiam, enviando
para toda a equipe. Empregados geralmente diziam para minha esposa,
que também trabalhava na equipe, 'por que ele simplesmente não põe o
nome do seu marido aqui?' Eu sabia o que ele estava fazendo, mas não
podia fazer nada.
      Quando o pastor titular cancelou os grupos de células, vi aquilo como
outro ataque contra mim por causa das mentiras e suspeitas que haviam
sido semeadas por este gerente. Eu estava certo de que eu estava
'discernindo' corretamente. Senti-me ainda mais justificado e com menos
vontade de me submeter à autoridade do pastor principal. Mesmo porque,
para mim, ele havia tomado a decisão errada, eu questionava: Como Deus
poderia permitir que oito meses de trabalho duro fossem desmanchados
junto com o potencial de muitas salvações? Por todas estas razões, desafiei
meu pastor por vinte minutos durante aquela reunião. Eu me senti correto
e justificado — somente para ser corrigido pelo Espírito Santo quando
cheguei em casa. Então a profunda revelação veio até mim: eu não estava
lidando com a autoridade humana, mas sim, com a de Deus.
      Pouco tempo depois o Senhor colocou um versículo no meu coração.
Ele trouxe clareza para situações similares, e diretriz no meio da
dificuldade:
   "Como ribeiro de águas, assim é o coração do rei na mão do Senhor; este,
                  segundo o seu querer, o inclina." (Pv. 21:1)
      O rei representa a autoridade acima de você. Quer ele seja cristão ou
duro de coração, ainda assim o coração dele está nas mãos do Senhor. O
versículo não diz "O coração do bom rei está nas mãos do Senhor". Não
importa se ele foi influenciado; o coração dele ainda permanece nas mãos
do Senhor. Não está escrito, "Enquanto o rei não for influenciado de uma
forma errada, o coração dele ainda pode ser inclinado pelo Senhor."
                E se soubermos que é uma má decisão?
      E se não estivermos meramente discernindo, mas tivermos certeza de
que a autoridade está tomando uma decisão errada? E se tivermos
evidências concretas de que o líder foi influenciado por comentários maus?
Não há saída? Não podemos fazer nada para ajudarmos nosso líder? A
resposta é sim.
      Ester é um bom exemplo deste tipo de situação. Os filhos de Abraão
estavam cativos sob o reino Persa. Um plano mal estava sendo criado por
Hamã, que influenciou o rei Persa Assuero para que assinasse um decreto
e matasse todos os judeus. O próprio rei marcou o dia para isso.
       A rainha Ester era descendente de Abraão, mas não deixou que
outros soubessem disto, a pedido do seu tio Mordecai. Mas Mordecai foi à
Ester e pediu-lhe que se apresentasse perante o rei em favor de seu povo.
Ele sabia que isto poderia significar a morte dela. Ela tinha tudo a perder e
nada a ganhar; ela era rainha e seu segredo estava a salvo.
       Ester tomou a decisão de ir ao rei. Após jejuar três dias, ela se
aproximou do pátio interno da casa do rei Assuero, e Deus fez com que ele
olhasse para ela favoravelmente. Ele perguntou-lhe o que queria, e ela
pediu que o rei fosse a um banquete em sua casa preparado para o rei e
Hamã. Ele consentiu e ambos foram ao banquete.
       Mais tarde, o rei não pôde dormir. Ele ordenou que seus servos
lessem o livro dos feitos memoráveis. Após a leitura, ele entendeu que
Mordecai, o judeu, foi quem havia salvado sua vida, mas nunca fora
recompensado por isto. O rei pensou em uma maneira de honrá-lo e
consultou Hamã para conselho. Hamã erradamente pensou que o rei
estava se referindo a ele e elaborou um plano para honrar o homem não
identificado. Então o rei revelou que era Mordecai e fez com que Hamã o
honrasse em seu nome, para o desprazer de Mordecai. Deus já estava
preparando o coração do rei para as palavras que Ester lhe traria no
banquete.
       Uma vez que Ester estava com o rei e com Hamã juntos no banquete,
o rei lhe perguntou novamente seu desejo.
 "Se perante ti, ó rei, achei favor, e se bem parecer ao rei, dê-se-me por minha
 petição a minha vida, e, pelo meu desejo, a vida do meu povo. Porque fomos
  vendidos, eu e o meu povo, para nos destruírem, matarem e aniquilarem de
 vez; se ainda, como servos e como servas nos tivessem vendido, calar-me-ia,
         porque o inimigo não merece que eu moleste o rei." (Es. 7:3-4)
       Existem algumas coisas aqui a serem notadas. Primeiro, o rei fez um
erro obviamente terrível e tomou uma decisão sem informação, mas mesmo
assim ela falou a ele com respeito, mantendo um coração submisso.
Segundo, ela ofereceu sua sabedoria com grande humildade, e à luz do
reino dele, e não somente do seu. Ela pediu, porém permitiu-lhe tomar a
última decisão. Ela não disse, "Seu marido tolo, você está dando ouvidos a
um assassino. Você não percebe tudo o que vai perder com esta ordem que
deu?" Ela contava com uma coisa: Deus poderia mudar o coração dele. O
Senhor mudou sim o seu coração, e o rei mandou enforcar o perverso
Hamã. O povo judeu foi salvo de ser executado.
       Ester tinha evidência concreta, não somente discernimento de que o
líder não sabia dos fatos verdadeiros. Ela foi a ele em humildade e fez sua
petição de tal forma que deixou o rei em posição de tomar a decisão. Ela
não o diminuiu, forçou nem manipulou. Ela somente confiou no poder do
Espírito Santo para dirigir o coração do seu superior.
                       Não sabendo de todos os fatos
        Vemos nesta passagem que o líder, não somente havia sido
influenciado de uma forma errada, mas que ele havia tomado uma decisão
antes de saber de todos os fatos e de ouvir todo o problema. Temos outro
exemplo com Davi e o rei Saul. O gigante filisteu desafiou o exército de
Deus repetidamente por quarenta dias. Ele desafiou Israel para que
mandasse um campeão para lutar, e assim, o problema seria resolvido.
Davi viu todos os soldados aterrorizados sem capacidade de responder às
ameaças do gigante. Deus colocou no seu coração para que lutasse. Mas o
rei Saul olhou para ele e disse, "De maneira nenhuma! Você é somente um
garoto, e quando você perder, nós teremos que servir o exército dele!"
(Parafraseado pelo autor).
        Quando Davi ouviu aquilo, ele não discutiu, mas disse,
  "Teu servo apascentava as ovelhas de seu pai, quando veio um leão, ou um
     urso, e tomou um cordeiro do rebanho, eu saí após ele, e o feri, e livrei o
cordeiro da sua boca; levantando-se ele contra mim, agarrei-o pela barba, e o
feri, e o matei. O teu servo matou, assim o leão como o urso; este incircunciso
 filisteu será como um deles, porquanto afrontou os exércitos do Deus vivo. O
  Senhor me livrou das garras do leão e das do urso; ele me livrará das mãos
                        deste filisteu." (1 Sm. 17:34-37)
                           Verdadeira intercessão
        Um outro exemplo nas escrituras da petição de um líder após ele
haver tomado uma decisão, é encontrado em Abigail. Ela se casara com um
homem rico, áspero e mau chamado Nabal. Davi precisava de comida
porque Saul continuava a ameaçar sua vida. Então enviou um pedido a
Nabal por mantimento; ele sabia que era tempo de festa, e que haveria
abundância. Davi havia previamente protegido os servos de Nabal e nunca
tinha pedido nada dele. Não somente Nabal recusou o pedido de Davi, mas
o insultou também. O comportamento de Nabal enfureceu Davi, e ele
ajuntou quatrocentos de seus homens para fazer vingança. Ele iria destruir
Nabal e tudo o que era dele.
        Esta palavra chegou a Abigail, a esposa de Nabal, e ela
apressadamente preparou dádivas de pão, vinho, carne, grãos, passas e
figos. Então ela foi em direção a Davi para interceptá-lo e a seus homens.
Quando os viu, ela caiu com o rosto em terra perante Davi. Então ela fez
seu pedido:
 "Ah! Senhor meu, caia a culpa sobre mim; permite falar a tua serva contigo e
  ouve as minhas palavras. Não se importe o meu senhor com este homem de
  Belial, a saber, com Nabal; porque o que significa o seu nome ele é. Nabal é
  seu nome, e a loucura está com ele; eu porém, tua serva, não vi o moços de
    meu senhor, que enviaste. Agora pois, meu senhor, tão certo como vive o
  Senhor e a tua alma, foste pelo Senhor impedido de derramar' sangue e de
  vingar-te por tuas próprias mãos. Como Nabal, sejam os teus inimigos e os
  que procuram fazer mal ao meu senhor. Este é o presente que trouxe a tua
   serva a meu senhor; seja ele dado aos moços que seguem ao meu senhor.
    Perdoa a transgressão da tua serva; pois, de fato, o Senhor te fará casa
   firme, porque pelejas as batalhas do Senhor, e não se ache mal em ti por
todos os teus dias... Quando o Senhor te houver feito o bem, lembrar-te-ás da
                         tua serva." (1 Sm. 25:34-37)
       Permita-me numerar tudo o que esta mulher fez por seu marido, por
sua casa e por Davi:
    1. Ela tratou Davi com grande respeito, referindo-se a si mesma
       repetidamente como serva de Davi.
    2. Ela levou a Davi e a seus homens, presentes generosos, refletindo sua
       preocupação e cuidado com o bem-estar deles.
    3. Ela intercedeu por sua casa ao tomar sobre si a responsabilidade.
       Ela, na verdade, chamou aquele seu ato de 'transgressão'.
    4. Ela mostrou a Davi — com temor e tremor — que se ele fizesse tal
       derramamento de sangue, seria pecado.
    5. Ela lembrou a Davi que seria Deus quem faria vingança e quem
       cumpriria as promessas feitas a ele.
    6. Ela pediu a Davi que se lembrasse dela quando fosse promovido.
       Você pode perguntar, "Como esta mulher honrou seu marido?" Ela o
livrou de ser morto. Seu marido pecou contra aqueles homens e contra o
ungido de Deus. Para justificar tal comportamento, daria a Davi ainda mais
razão para fazer vingança. Ela teria colocado combustível no fogo e o
encorajado à ruína. Que bem faria uma honra superficial que terminasse
na morte de seu marido?
       Abigail teria verdadeiramente desonrado Nabal se ela dissesse, "Eu
vou sair daqui e deixar que meu marido receba o que ele merece, porque ele é
um carrasco." Ou se ela tivesse ido a Davi e dito, "Ouça, eu não tenho nada
a ver com isso. Eu teria lhe dado o que você precisa. Quando ouvi o que meu
marido fez, vim com alguma comida para você e seus homens, mas por favor,
prossiga com seus planos em matá-lo, pois ele é um carrasco e um canalha.
Merece, portanto, qualquer coisa que você fizer a ele." Estas ações teriam
desonrado seu marido.
       Intercessão a favor de alguém não significa que você ignora a
transgressão; pelo contrário, você a admite. Então você se coloca entre esta
pessoa e o julgamento. Você diz, em essência, "Eu sei que ele merece
julgamento, mas peço misericórdia. Eu o tomarei sobre mim mesmo e ficarei
no lugar dele."
       Isto foi exatamente o que Abigail fez. Davi veio para trazer julgamento
e Abigail veio pedir misericórdia. Suas palavras, "Perdoa a transgressão da
tua serva."
       Ela falou desta maneira para evitar que Davi cometesse o pecado de
tomar a vingança sobre si mesmo. A palavra de Deus diz, "Não te vingarás
nem guardarás ira contra... teu povo.'' (Lv. 19:18) Ela buscou misericórdia
ao se posicionar na brecha, e buscou retidão para Davi.
       Abigail não estava fazendo comentários com os amigos e vizinhos,
"Sabe, eu me casei com um canalha. Ele é o homem mais sem consideração
que eu já vi." Ela nem mesmo falou com Davi acerca de seu marido com
desrespeito, ira, desgosto ou vingança. Ao contrário, falou de forma a salvar
vidas. Ouça o que sua intercessão causou:
    "Então Davi disse a Abigail: Bendito o Senhor, Deus de Israel que hoje te
   enviou ao meu encontro. Bendita seja a tua prudência, e bendita sejas tu
     mesma, que hoje me tolheste de derramar sangue, e de que por minha
    própria mão me vingasse. Porque, tão certo como vive o Senhor, Deus de
  Israel, que me impediu de que te fizesse mal, se tu não te apressaras e me
 não vieras ao encontro, não teria ficado a Nabal, até o amanhecer, nem um
 sequer do sexo masculino. Então Davi recebeu da mão de Abigail o que esta
  lhe havia trazido, e lhe disse: Sobe em paz à tua casa; bem vês que ouvi a
                   tua petição e a ela atendi." (1 Sm. 25:32-35)
       Quando Abigail retornou à sua casa, seu marido estava fazendo uma
festa para si mesmo. Ele não tinha idéia do que quase aconteceu. Ela
decidiu não contar nada naquela noite. Na manhã seguinte ela lhe disse
sobre como havia salvado sua vida. Seu coração se tornou como pedra ao
ouvir. Dez dias depois o Senhor matou a Nabal. Não foram as mãos de Davi
ou Abigail, mas as mãos de Deus é que tomaram vingança sobre aquele
homem perverso.
                Por causa daquele que está em autoridade
       Moisés se encontrou numa posição onde se sentiu levado a
questionar decisões de uma Autoridade — a de Deus! Isto aconteceu mais
de uma vez. Olhemos ao primeiro exemplo. Israel havia pecado ao construir
um bezerro de ouro e adorá-lo. Deus ficou tão irado, que disse a Moisés
que mataria a todos e suscitaria uma nova nação de Moisés. Ouça a
súplica de Moisés:
   Porém, Moisés suplicou ao Senhor, seu Deus, e disse: Por que se acende,
 Senhor, a tua ira contra o teu povo, que tiraste da terra do Egito com grande
    fortaleza e poderosa mão? Por que hão de dizer os egípcios: Com maus
  intentos os tirou, para matá-los nos montes e para consumi-los da face da
   terra? Torna-te do furor da tua ira e arrepende-te deste mal contra o teu
povo. Lembra-te de Abraão, de Isaque e de Israel, teus servos, aos quais, por
   ti mesmo tens jurado e lhes disseste: multiplicarei a vossa descendência
   como as estrelas do céu e toda esta terra de que tenho falado, dá-la-ei à
    vossa descendência, para que possuam por herança eternamente." (Êx.
                                   32:11-13)
       Existem algumas coisas a serem notadas. Primeiro, Moisés falou em
completa submissão, com temor e tremor. Segundo, Moisés suplicou com
amor uma petição a Deus; ele nunca ordenou. Terceiro, ele falou em favor
de Deus, primeiro e mais importante, e não em favor do povo. Em essência,
Moisés estava comunicando, "E como ficará a tua reputação na qual
trabalhastes quatrocentos anos para estabelecer? Teu nome é conhecido em
toda a terra, mas tu o desmancharás se não terminares o que começastes a
fazer." Pelo fato de Moisés ter falado em favor de Deus primeiramente, ele
pôde desafiar a decisão dele. Sua motivação não era a favor de si mesmo,
mas de outros.
       Precisamos nos perguntar antes de suplicar algo a um líder, "A favor
de quem primordialmente estou suplicando?" Até mesmo quando Moisés fez
menção a Deus de suas promessas a Abraão, foi primeiramente a favor do
Senhor. Ele lembrou a Deus a importância de Sua palavra. Moisés tinha o
alvo correto porque seu coração estava correto. Ele era servo de Deus,
então ele pensou Nele primeiramente, antes de pensar nos filhos de Israel.
Aqui está a resposta de Deus: "Então se arrependeu o Senhor do mal que
dissera havia de fazer ao povo." (Êx. 32:14)
       Deus mudou de idéia! A decisão foi revertida. Eu gostaria de deixar
claro outro ponto importante. Moisés podia falar de uma maneira tão direta
com Deus porque ele já havia provado inúmeras vezes sua lealdade.
Trazendo este princípio para nossos dias, eu diria que existem membros da
nossa equipe que provaram fidelidade a mim e à Lisa com o passar dos
anos. Eles têm grande favor e habilidade de trazer um pedido a nós, muito
mais rapidamente do que outros que acabaram de começar a trabalhar
conosco. Você tem que ganhar o direito de falar na vida de um líder. Você
consegue isto através de lealdade, integridade e fidelidade. Não são todas
as pessoas que têm habilidade de falar na vida de um líder desta maneira.
       Outro ponto significante é que Moisés não falou sobre a decisão de
Deus com outros, ele falou com Deus sobre Sua decisão. O Senhor
repetidamente se irava com os filhos de Israel porque eles constantemente
se queixavam uns com os outros em desacordo com Seus caminhos. Isto
também é chamado de murmuração, e Deus odeia isto! Este
comportamento é muito perigoso e deve ser evitado a todo custo. Quando
murmuramos uns com os outros e reclamamos das decisões tomadas por
autoridade, estamos semeando dissensão e rebelião. Veremos em outro
capítulo que isto certamente traz julgamento.
       Eu tenho um acordo com as pessoas que trabalham para mim. Se
tomo uma decisão que eles crêem que estou errado, podem vir até mim
uma vez, ou se novos fatos surgirem que reforcem o pensamento deles,
podem vir até mim novamente. Quando vêem até mim, é importante que
tenham cuidadosamente pensado em todas as coisas e que também
apresentem de forma que me ajude a ver o que eles querem comunicar. Eu
tenho freqüentemente mudado de decisão quando vejo novas informações.
Contudo, se eles me pedem algo, e eu permaneço com a mesma decisão,
eles movem juntamente comigo em concordância. Se movermos juntos em
união, e eu estiver errado, Deus continua nos protegendo. Ele protegerá a
mim e também aos que estão debaixo de mim se agirmos em integridade de
coração, Davi disse, "Preservem-me a sinceridade e a retidão, porque em ti
espero." (Sl.25:21)
              E se isso for contra o que Deus me mostrou?
       Você pode ainda perguntar, "E se a autoridade me diz para fazer o
oposto do que em oração eu senti que deveria fazer?" Esta é uma boa
pergunta e precisa ser discutida. Para responder, vamos retornar ao
exemplo que eu dei no segundo capítulo. Antes de começarmos o programa
de 'festa em células', eu sinceramente busquei ao Senhor em oração, e
creio profundamente que Ele me instruiu para que fizesse isto. Hoje eu
profundamente creio que Ele me disse para que fizesse as células porque o
episódio inteiro provou ser um teste para mim, para ver se eu iria obedecer
a autoridade que Ele havia colocado acima de mim.
       As Escrituras estão cheias de exemplos onde Deus testa Seu povo.
Quando Deus disse a Abraão para que oferecesse Isaque como sacrifício, as
escrituras especificamente dizem que "Deus testou a Abraão" (Gn. 22:1). O
Senhor nunca quis que Abraão matasse seu filho, mas Ele permitiu que
Abraão fosse para a montanha por três dias e não o impediu até que ele
levantasse o machado. Deus viu a constante fidelidade de Abraão em suas
ações de obediência. Será que Ele faz o mesmo hoje conosco?
       O apóstolo Paulo disse à igreja dos Coríntios que fizessem algo em
sua primeira carta, e depois ele a alterou em sua segunda carta. Quando
ele mudou sua ordem para a igreja, fez este memorável comentário:
 "E foi para este propósito que vos escrevi, para testar vossa atitude e ver ser
 passariam no teste, se seriam obedientes e concordariam em cumprir minha
                ordem em tudo." (2 Co. 2:9 - versão Amplificada)
       Paulo deu ordens com um propósito: para ver se eles iriam se
submeter à autoridade dele. Eu tenho um amigo muito sábio que é pastor
há muitos anos. Ele me disse que a maneira como descobre
insubordinação em meio aos que trabalham com ele é dando uma ordem
totalmente sem sentido. Ele disse, "John, eu logo ouço os sussurros e
murmurações daqueles que são rebeldes. Eu lido com isto, e então volto as
diretrizes para o padrão normal".
        Paulo deu uma ordem para ver se eles obedeceriam sua diretriz em
tudo. A palavra chave é tudo. Sua ordenança foi difícil, e por sua vez tinha
um propósito nisso. O propósito: se eles seguissem aquela diretriz,
seguiriam qualquer outra.
        É exatamente o que Deus fez com Abraão. Ele encontrou a coisa que
era mais difícil para Abraão submeter: ele deveria abrir mão do que era
mais importante em sua vida, a promessa que ele esperou por vinte e cinco
anos. Não era algo feito por Abraão: pelo contrário, era o que Deus havia
prometido a ele em oração, Seria mais fácil para Abraão colocar a si mesmo
no altar, mas Deus queria a coisa mais importante. Se Abraão fosse
obediente nisso, ele obedeceria em todas as coisas!
        Meu pastor me disse para abrir mão do que era mais importante para
mim! Eu havia trabalhado naquilo por meses, e todos sabiam disso. Aos
meus olhos, parecia que eu tinha a promessa de almas perdidas vindo para
o reino. Seria a chave para que tivesse um ministério bem sucedido. Minha
reputação estava em jogo porque eu disse a todos que esta era a vontade de
Deus. Eu tinha ouvido que deveria continuar com o programa, quando orei.
Eu não sabia que era um teste, e geralmente os testes de Deus nunca são
reconhecíveis até que passamos o fato, porque eles expõem nosso coração.
        Minha festas poderiam ter trazido muitas almas para o reino, mas
Deus se preocupa mais se Sua autoridade é manifesta em nosso coração do
que se nossos métodos alcançam Seus propósitos. Ele é Deus e tem muitas
outras idéias novas de como alcançarmos almas. O que não pode ser feito
de forma diferente é Seu princípio de submissão no coração do homem,
pois sem isto, um homem não pode entrar no reino, e não há outra
alternativa para um coração insubmisso.
        Precisamos estabelecer um princípio difícil e crítico dentro de nosso
coração. Uma vez que Deus delega Sua autoridade a homens, Ele não a
retira. A única exceção é quando um líder diretamente viola as leis e a
palavra escrita de Deus. O próprio Deus não ultrapassa a autoridade que
Ele delega. Não podemos ignorar autoridade delegada e declarar que somos
submissos somente a Deus. Moisés falou sobre este princípio com os
líderes das tribos de Israel:
        Esta é a palavra que o Senhor ordenou:
  ... "Quando, porém, uma mulher fizer voto ao Senhor ou se obrigara alguma
      abstinência, estando em casa de seu pai, na sua mocidade, e seu pai,
    sabendo do voto e da abstinência a que ela se obrigou, calar-se para com
   ela, todos os seus votos são válidos; terá de observar toda a abstinência a
  que se obrigou. Mas, se o pai, no dia em que tal souber, o desaprovar, não
     será válido nenhum dos votos dela, nem lhe será preciso observar a
abstinência a que se obrigou; o Senhor lhe perdoará, porque o pai dela a isso
                            se opôs" (Nm. 30:1-5)
      Moisés reforçou ainda mais o princípio aplicando-o para a mulher e
seu marido. Deus, a autoridade suprema ou direta, mantém o que a
autoridade delegada consentir. Ele também anula o que a autoridade
delegada cancelar. O Senhor respeita Sua autoridade delegada. Uma vez
que uma mulher jovem está sob a autoridade do seu pai, ou que a esposa
está sob a autoridade de seu marido, Deus tratará com o pai ou marido,
mas não com a mulher.
      Este princípio é encontrado no conselho geral das escrituras, não
somente na família, mas em outras áreas de autoridade delegada também.
Novamente quero enfatizar que a exceção ocorre quando a autoridade nos
diz para fazermos algo que diretamente contradiz os mandamentos de
Deus. Eu fico triste ao ouvir coisas no ministério como, "Meu pastor me
disse para não fazer isto, mas ele não está ouvindo corretamente de Deus.
Então, eu continuarei fazendo — mas sem que ninguém saiba". Não importa
se você tenha ouvido em oração; você está se rebelando contra a autoridade
de Deus se isto vai contra as diretrizes das autoridades em sua vida!
      Os exemplos que eu poderia dar são inúmeros. Eu tenho descoberto
que quando uma revelação queima em nosso coração, muitas questões são
respondidas, e muitos problemas são resolvidos. Este não é um livro que
termina em si com seus exemplos e explicações. O que procuramos é uma
revelação sobre autoridade, que é a revelação do próprio Deus, pois Ele e
Sua autoridade são inseparáveis. Como encorajei você na introdução,
clame a Deus, e peça-lhe que queime em seu coração o princípio de
submissão, à medida que você lê. Se não, você acabará com mais
perguntas do que quando você começou.
      No próximo capítulo descobriremos como lidar com tratamento
injusto e como reagir a autoridades que são brutas conosco. Veremos como
Deus tem um plano glorioso nestas situações.
                                CAPÍTULO 13
                         TRATAMENTO INJUSTO
Ser quebrantado não significa ser fraco. Significa ser submisso à autoridade.
       Deus Pai tem um certo propósito a cumprir em cada um de nós.
Permita-me lhe advertir; pode não soar deleitoso, popular ou indolor, mas é
o que é melhor para nós. Ele deseja nos quebrantar. As escrituras deixam
isto claro:
   "Pois não te comprazes em sacrifícios; do contrário, eu tos daria; e não te
     agradas de holocaustos. Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito
   quebrantado; coração compungido e contrito não o desprezarás, ó Deus."
                                   (Sl.51:16-17)
       Um pré-requisito para intimidade com o Senhor é um coração
quebrantado. Embora o processo não seja prazeroso, a intimidade de Sua
presença ultrapassa incrivelmente as dificuldades envolvidas. Davi
aprendeu isto desde jovem. Você pode perceber seu coração quebrantado e
o que este coração lhe ocasionou através de todos os salmos. É obtido, não
através de uma vida de sacrifícios ou ofertas, mas através de obediência.
Permita-me ilustrar. Um cavalo de batalha não está pronto para o serviço
enquanto sua vontade não é quebrada. Embora ele possa ser o mais forte,
o mais veloz e o mais dotado de todos os outros cavalos do estábulo, ele
não servirá enquanto não for quebrantado. Ele permanecerá no estábulo
enquanto cavalos menos dotados vão à batalha. Ser quebrantado não
significa ser fraco. Significa ser submisso à autoridade.
       No caso do cavalo, seu mestre é o cavaleiro. Se o cavalo for treinado e
quebrantado com sucesso, ele pode ser confiado em toda e qualquer
circunstância. No auge das batalhas, enquanto balas e flechas voam, ele
não vai temer. Enquanto espadas e machados são empunhados, ele não
retrocederá. Enquanto armas são erguidas e tiros disparados, ele não se
desviará dos desejos de seu mestre. Ele permanecerá em submissão firme a
seu mestre, não importa quem seja. Ele ignorará qualquer intento de se
proteger ou de beneficiar a si mesmo em função de cumprir os comandos
do cavaleiro.
       Este processo de quebrantamento é exclusivamente obtido em cada
indivíduo de acordo com a prescrição do Próprio Senhor. Ele é o Único que
sabe quando este processo é verdadeiramente completo, e quando você está
preparado para o tipo de serviço que Ele deseja realizar através de você.
Cada nível novo traz outro tipo de quebrantamento.
       Eu me lembro bem dos processos passados a que fui submetido.
Muito freqüentemente eu pensava que estava pronto para o próximo nível
de serviço, muito antes de realmente estar. Eu declarava confiante, "Estou
completamente submisso à Tua autoridade. Eu sei que estou pronto para o
ministério o qual o Senhor tem para mim." Mas os cristãos maduros que me
cercavam sabiam que eu estava longe de estar quebrantado. Com razão, eu
entrava em outra rodada de preparação, lutando, chutando e brigando por
meus direitos.
                         E sobre os líderes brutos?
       Assim como com os cavalos, o processo de quebrantamento lida com
nossas reações a autoridades. Deus personaliza o processo perfeito para
nós, e isto sempre tem a ver com alguma forma de liderança. Por esta
razão, Pedro escreveu,
 "Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor... Servos, sede
   submissos, com todo o temor ao vosso senhor, não somente se for bom e
               cordato, mas também ao perverso. (1 Pe. 2:13,18)
       Vamos colocar em termos modernos. Servos seriam identificados
como empregados, estudantes, membros de igreja, ou cidadãos. Senhores
seriam patrões, professores, líderes de igreja, ou líderes governamentais. A
maioria de nós tem tido bons e gentis líderes, e os tem amado. Tem sido
fácil sermos submissos a eles. Contudo, Deus nos ordena a sermos
submissos, não somente para com o bom e gentil, mas também para com o
perverso!
       A palavra grega para "perverso" é skolios. O dicionário grego Thayer
define a palavra como "áspero, rude, perverso, injusto, severo e assim por
diante." O dicionário Vine define a palavra como relacionada a "tirano ou
mestre injusto'. Será que o Senhor está dizendo que devemos nos submeter
a este tipo de líder?
       Vejamos outros tipos de traduções. A versão Novo Século traz, "Não
somente àqueles que são bons e gentis, mas também àqueles que são
desonestos." A versão de inglês contemporâneo declara, "Faça isto, não
somente para com os que são gentis e que vos consideram, mas também
para com os que são cruéis." A Bíblia 'New American Standard' diz, "Não
somente para com os que são bons e gentis, mas também para com os que
são insensatos." Não podemos ignorar esta passagem, portanto, vejamos a
sabedoria de Deus que nele há.
       Na verdade, as palavras de Pedro se tornam ainda mais difíceis, e não
mais fáceis. Ele continuou, "Porque isto é grato, que alguém suporte
tristezas, sofrendo injustamente, por motivo de sua consciência para com
Deus." (1 Pe. 2:19)
      Lembro-me de um incidente que aconteceu com minha esposa e com
o meu filho mais velho. Ele achou que seu irmão havia recebido mais do
que ele, e que o tratamento havia sido injusto. Ele protestou, "Mãe, isto não
é justo!"
      Minha esposa calmamente respondeu, "Filho, a vida não é justa!"
      Ele olhou para ela como se dissesse, "Como você pode dizer isto? Você
é minha mãe."
      Lisa lhe perguntou, "Foi justo Jesus tomar nossa punição e morrer na
cruz quando Ele na verdade não havia feito nada errado?"
      Os olhos do meu filho registraram a sabedoria, e ele ficou em silêncio.
                       O exemplo pessoal de Cristo
      Pedro continuou dizendo, "Porquanto para isto mesmo fostes
chamados". Quando eu estou pregando sobre esta passagem, geralmente
peço às pessoas para olharem em sua Bíblia, e eu digo com entusiasmo
"repitam estas palavras: 'Este é meu chamado!'" Estamos sempre falando
sobre o chamado na nossa vida. Bem, este é um deles. Ouça o que Pedro
diz, "Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo
sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo [seu exemplo pessoal] para
seguirdes os seus passos." (1 Pe. 2:21) (Ênfases do autor).
      Como Ele sofreu? Pedro explicou no versículo anterior: tratamento
injusto de autoridade delegada. Por vezes, Deus nos coloca em situações
através das quais recebemos tratamento insensato das autoridades, assim
como Ele fez com Davi, José, Daniel, o apóstolo Paulo e outros. Nosso
chamado é lidarmos com isto corretamente, e Jesus nos deu o exemplo
pessoal de como fazê-lo.
      Você pode questionar, "Que bem faz suportarmos tratamento bruto de
líderes?" A idéia vai contra nossa mente natural, porque sua lógica parece
absurda. Contudo, a sabedoria de Deus molda um coração submisso
através deste tipo de tratamento de três maneiras. Primeiro, deixa lugar
para o tratamento justo de Deus. Segundo, isto desenvolve em nós o
caráter de Cristo. Terceiro, nossa submissão a este tratamento glorifica a
Deus.
      Paulo prefaciou sua conclusão sobre submissão a autoridades
governamentais: "Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à
ira, porque está escrito: A mim me pertence a vingança, eu é que retribuirei,
diz o Senhor." (Rm. 12:19) Defesa, correção, vingança, ou outras
retribuições apropriadas devem proceder das mãos de Deus, e não dos
homens. Um indivíduo que se vinga a si mesmo não tem a humildade de
Cristo.
      Ninguém na terra possui mais autoridade do que Jesus; no entanto,
Ele nunca se defendeu perante autoridades. Vamos à exata situação a que
Pedro se referiu, que é quando Jesus esteve perante o julgamento: "Então,
os principais sacerdotes o acusavam de muitas cousas. Jesus, porém, não
respondeu palavra." (Mc. 15:3,5)
       Imagine a corte da lei onde tudo que foi falado por testemunhas era
oficialmente usado contra Jesus. Os homens que falavam eram líderes
religiosos e políticos de Sua nação. Eram homens de influência cujas
palavras tinham grande peso, mas não havia uma sombra de verdade na
palavra deles. Eles falavam mentiras completas, mas Jesus ficou em
silêncio perante Seus acusadores e não se defendeu! "Tornou Pilatos a
interrogá-lo: Nada respondes? Vê quantas acusações te fazem! Jesus,
porém, não respondeu palavra, a ponto de Pilatos muito se admirar." (Mc.
15:4-5)
       Pilatos era o juiz em maior posição naquela terra. Inúmeras vezes ele
presenciou homens sendo julgados e os assistiu defendendo a si mesmos
freneticamente a fim de evitar julgamento. Se fossem condenados, eram
presos, exilados ou executados. Não havia outra corte para que pudessem
apelar. Ele nunca tinha visto um homem ser acusado e permanecer em
silêncio. Pilatos sabia que líderes haviam levado Jesus para ser julgado,
movidos por inveja, e eles queriam a punição mais severa: a crucificação.
Ele também sabia que Jesus não era aquele que eles diziam ser. Mesmo
assim, Jesus recusou a se defender. Seu comportamento fez com que o
governo se maravilhasse com sua serenidade.
       Por que Jesus não se defendeu? A razão: para permanecer sob o
julgamento de Seu Pai e, portanto, sob Sua proteção. Pedro disse, "Pois ele,
quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia
ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente." (1 Pe. 2:23)
       Quando recusamos a nos defender a nós mesmos, estamos abrigados
sob a mão da graça e julgamento de Deus. Não existe lugar mais seguro:
"Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os
justifica." (Rm. 8:33)
       Em contraste, aqueles que defendem a si mesmos estão sob a
jurisdição e o julgamento de seus acusadores e, portanto, perdem a
intervenção divina. Lembro-me de uma situação quando defendi a mim
mesmo perante uma autoridade. Deus, momentos depois, me mostrou uma
rápida visão ao meu coração. Eu vi o Senhor ao meu lado com suas mãos
atrás das costas. Ele não podia me oferecer a ajuda que eu necessitava.
Assim que eu parei de me justificar e defender, Ele pôde trabalhar em meu
favor.
       Jesus nunca perdeu vista do Justo Juiz, mesmo quando ele estava
perante autoridade delegada. Ao se refrear e não se defender, Ele
permaneceu sob a defesa de Deus durante todo o processo. No momento
em que você se justifica e defende a si mesmo, você dá preferência a seu
acusador como se ele fosse juiz. Você se desvia do seu direito espiritual de
proteção, porque se eleva acima de você no nível espiritual à medida que
você responde a seu criticismo. A influência dele se eleva à sua defesa. Ao
tentar provar sua inocência, você depende da misericórdia de seu
acusador. Por esta razão Jesus nos exortou:
 "Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele
a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz; o juiz, ao oficial de
  justiça, e sejas recolhido à prisão. Em verdade te digo que não sairás dali,
              enquanto não pagares o último centavo." (Mt 5:25-26)
       De acordo com esta parábola, você terá de pagar o que o seu
acusador demandar como restituição. Quanto maior a ofensa que ele tiver
contra você, menos misericórdia terá. Ele cobrará até o último centavo de
sua dívida, quer ele seja justo ou não a seus olhos.
                             A fé de uma criança
       Quando nosso filho mais velho, Addison, estava na terceira série, ele
compartilhou, durante o jantar, com Lisa e eu, um problema que havia
enfrentado na escola. Ele sentiu que um de seus instrutores havia passado
dos limites. Addison sentia que seu professor não gostava dele e o culpava
por toda conversa e desordem dentro de sala. Isto estava acontecendo por
algum tempo, e o professor enviou um comunicado para casa que seria
contado contra ele no boletim. Addison é extremamente consciente, e o
pensamento de ter algo negativo contra ele era demais para que pudesse
compreender. Ao compartilhar sua frustração e medo, ele começou a
chorar.
       Nós lhe garantimos que acreditávamos no melhor dele e pedimos-lhe
para nos contar os detalhes. Ele choramingou, "Eu sou culpado por tudo.
Mesmo quando há mais de uma pessoa envolvida, eu ainda assim sou
culpado. Eu sou culpado por coisas que não fiz. Como hoje, os dois meninos
que estavam perto de mim estavam brincando e rindo. O professor virou-se e
gritou comigo." Seus lábios tremiam ao contar a injustiça. Para uma criança
de nove anos, era uma crise sem esperança.
       Os outros professores de Addison haviam dito que sua conduta era
excelente, então sabíamos que era uma situação isolada. Enquanto Lisa
tentou confortá-lo, eu perguntei, "O que você disse quando ele o corrigiu
hoje?"
       Addison respondeu, "Eu lhe disse, 'Não era eu quem estava
conversando. Eram estes dois meninos!"
       Eu perguntei, "Esta é a maneira que você geralmente responde quando
ele o corrige?"
       Addison respondeu, "Sim, quando eu sei que não estava fazendo nada
errado."
       Eu olhei para ele, "Bem, filho, é aí que está o problema. Você está se
defendendo perante sua autoridade, e quando você se defende, Deus não
pode defendê-lo."
      Eu compartilhei com ele as escrituras apresentadas neste capítulo.
Para ajudá-lo a compreender ainda mais, contei-lhe a experiência que se
segue, pela qual passei com aquele gerente do escritório mencionado no
capítulo anterior.
                 Um gerente determinado a prejudicar
      Este homem tinha um filho que era do nosso grupo de jovens. Eu
estava pregando mensagens fortes sobre santidade, oração e senhorio.
Muitos jovens estavam sendo transformados. Num dado momento, este
filho veio até minha esposa e, em prantos, perguntou para ela como ele
poderia possivelmente viver uma vida pura quando havia tanto
comportamento impuro dentro de seu lar. Então ele compartilhou os
detalhes, o que me ajudou a entender porque seu pai estava contra mim.
      Poucos meses depois, quatro jovens diferentes me disseram quão
tristes estavam porque eu iria ser despedido. Eu acompanhei a informação
até chegar no filho, e ele me disse que havia ouvido isto de seu pai.
      Fui até seu pai, e ele admitiu, mas culpou o pastor titular, dizendo
que ele já tinha a intenção de me mandar embora. Semanas se passaram, e
a situação piorou. Minha família estava sob constante tensão de nunca
saber se eu permaneceria ou se seria mandado embora. Nós havíamos
comprado uma casa, minha esposa estava grávida, e não tínhamos
dinheiro nem lugar para ir. Eu não queria enviar currículos, pois cria que
Deus havia me trazido, e eu não tinha nenhum plano alternativo. Minha
esposa estava nervosa e preocupada, e me encorajou a fazer algo. "Querido,
eu sei que eles vão despedi-lo. Todos estão me dizendo que irão."
      Ela estava certa. O pastor titular finalmente concordou em me
despedir. No domingo pela manhã ele anunciou que grandes mudanças
aconteceriam no grupo de jovens. Eu ainda não havia falado com ele. Havia
uma reunião marcada com ele e com o gerente no dia seguinte. Deus me
disse que não deveria me defender.
      Quando entrei no gabinete do pastor no dia seguinte, ele estava
sozinho. Ele disse, "John, Deus o enviou aqui. Eu não vou deixar que você
vá." Ele havia mudado de idéia. Eu estava aliviado, Deus havia me
protegido no último momento. O pastor então disse, "Por que o gerente quer
que você seja mandado embora?" Eu respondi que não sabia, e a seu
pedido, concordei em fazer tudo que estivesse a meu alcance para que
houvesse paz.
      Pouco tempo depois deste encontro eu recebi uma prova de uma
decisão que este gerente tinha feito, que expunha seus pensamentos. Eu
estava pronto para levá-la até o pastor titular. Eu queria que ele visse o que
estava acontecendo por trás das cortinas. Eu andava de um lado para o
outro orando por quarenta e cinco minutos, tentando vencer um
sentimento de desconforto que sentia. Eu continuava questionando, "Deus,
este homem tem sido desonesto. Ele precisa ser exposto, pois é uma força
destrutiva neste ministério. Preciso dizer ao pastor sobre como ele realmente
é!" Eu continuava a justificar minhas intenções em expô-lo, "Tudo que
tenho a dizer é fato e está documentado. Não é emocional. Se ele não for
detido, seu comportamento corrupto vai se alastrar por toda a igreja."
      Finalmente frustrado, eu disse, "Deus, o Senhor não quer que eu o
exponha, quer?" Quando eu disse isto, a paz de Deus inundou meu
coração. Balancei a cabeça em admiração, pois senti que Deus não queria
que fizesse nada, então joguei fora aquela evidência. Mais tarde pude olhar
para a situação inteira objetivamente, e percebi que eu realmente queria
me defender mais do que proteger aos outros. Eu justificava dizendo que
meus motivos não eram egoístas. Minha informação era correta, mas
minha motivação, impura.
      O tempo passou, e um dia, enquanto estava orando do lado de fora
da igreja antes das horas de trabalho, este homem estacionou. Deus me
disse para ir até ele e agir em humildade. Imediatamente eu me defendi:
"Não, Senhor, ele é quem precisa vir até mim. Ele é quem está causando todo
o problema." Eu continuei orando, mas Deus estava em silêncio. Após vinte
minutos, novamente o Senhor insistiu para que eu fosse até ele e me
humilhasse. Eu sabia que era Deus. Chamei este homem e fui até sua sala.
Contudo, tudo o que eu disse e a forma como disse, foi muito diferente do
que teria dito antes de Deus haver tratado comigo. Com toda sinceridade,
eu lhe pedi perdão. Disse-lhe que havia sido crítico e o havia julgado. Ele
foi quebrantado, e nós conversamos por um bom tempo. Desde aquele dia,
os ataques contra mim pararam.
      Seis meses mais tarde, enquanto eu estava fora da cidade, todo o mal
que ele havia feito foi exposto ao pastor titular. O que ele estava fazendo
era ainda pior do que eu sabia até então. Ele foi demitido imediatamente. O
julgamento veio, mas não pelas minhas mãos. A exata coisa que ele tentou
fazer comigo aconteceu com ele. Contudo, quando aconteceu, eu não
estava feliz. Eu me entristeci por ele e por sua família. Entendi a sua dor,
pois havia passado por aquilo nas mãos dele. E por ter passado por isso
seis meses antes, eu o amava e não desejava as mesmas circunstâncias a
ele.
      Eu continuei naquela igreja por mais onze anos e freqüentemente era
pedido para que ministrasse. A vergonha que havia sido colocada em meu
nome foi removida e substituída por honra. Hoje, ao refletir, percebo como
cresci naquele tempo de dificuldades, e mais tarde Deus me promoveu
perante aquelas mesmas pessoas que ouviram tantas mentiras. Assim
como o Pai celestial exaltou Jesus por Sua obediência e por Sua disposição
em não se defender, assim Ele honra Seus filhos que seguem o exemplo
que Jesus nos deixou.
                                Aluno do ano
       Após compartilhar estas escrituras e este incidente com Addison, eu
disse, "Filho, você tem uma escolha. Você pode continuar a se defender e
permanecer sob o julgamento de seu professor, ou você pode reconhecer que
não tem reagido às acusações de uma forma correta. Então, você pode ir até
seu professor, se humilhar, e pedir desculpas por não ter tido respeito e ter
resistido à sua autoridade, e Deus se envolverá na situação."
       Addison perguntou, "E o que eu faço quando sou culpado por alguma
coisa que não fiz?"
       "Deixa que Deus o defenda. Tem funcionado quando você se defende?"
       Addison respondeu, "Não, eu quero que Deus me defenda." No dia
seguinte ele foi até seu professor e agiu humildemente. Ele pediu ao
professor para lhe perdoar por estar desafiando-o quando era corrigido.
       O professor o perdoou, e na semana seguinte Addison foi honrado
como o aluno da semana de sua sala. Addison nunca teve outro problema.
Ele acabou o ano recebendo deste instrutor a maior honra da cerimônia de
prêmios.
       Se um menino de nove anos pode se humilhar e provar a Palavra de
Deus em situações de crise, quanto mais deveríamos nós? Eu acredito que
isto ilustra a razão pela qual Jesus disse,
 "Portanto, aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino
                             dos céus." (Mt. 18:4)
          O encontro de Davi com uma autoridade insensata
       Addison aprendeu o que Davi, filho de Jessé, aprendeu. Deus é o
Justo Juiz, e se deixarmos o tratamento injusto recebido de autoridades
em Suas mãos, Ele sempre julgará justamente. Quando falamos de Davi,
precisamos nos lembrar de que Deus, e não o diabo, o colocou sob um líder
insensato e finalmente cruel chamado Saul.
       Tudo começou antes mesmo, quando Samuel, o profeta de Israel,
ungiu a Davi para ser o próximo rei sobre o povo de Deus. Davi deve ter
ficado impressionado e entusiasmado, pensando, Este é o homem que ungiu
o rei atual. Eu vou ser rei!
       Saul havia desobedecido a Deus e era atormentado por um espírito
maligno. Seu único alívio vinha quando alguém tocava harpa. Seus servos
procuraram alguém que pudesse assentar-se em sua presença e ministrar
a ele. Um dos servos do rei sugeriu a Davi, filho de Jessé. O rei Saul enviou
o pedido a Davi para que viesse ao palácio ministrar ao rei. Davi deve ter
pensado, Deus já está trazendo à realidade Sua promessa dada pelo
profeta. Ele deve ter pensado, Esta deve ser a porta de entrada.
       O tempo se passou, e lhe foi pedido para levar mantimento para seus
irmãos mais velhos que estavam em guerra contra os filisteus. Ao chegar à
linha de batalha, ele viu o campeão filisteu, Golias, escarnecendo do
exército de Deus e ficou sabendo que a zombaria estava acontecendo já há
quarenta dias. Ele ouviu dizer que o rei havia oferecido sua filha em
casamento ao homem que derrotasse o gigante. Davi foi perante o rei e
pediu permissão para lutar. Ele matou Golias e ganhou a filha de Saul.
Ganhou, portanto, favor perante Saul e seria o genro do rei.
       Jônatas, o filho mais velho de Saul, fez uma aliança com ele de
amizade eterna. Tudo o que Saul dava a Davi para fazer, a mão de Deus
estava sobre ele, e o prosperava. O rei pediu que ele se assentasse em sua
mesa com seus próprios filhos. Tudo ia bem, e Davi estava se deleitando.
Ele viveu no palácio, comeu na mesa do rei, casou-se com sua filha, era
amigo de Jônatas, e bem sucedido em tudo quanto fazia. Ele estava até
mesmo ganhando favor perante o povo. Ele podia ver a profecia se
cumprindo perante seus olhos. Saul favoreceu a Davi sobre todos os servos
e o constituiu como seu escudeiro. Saul se tornou um pai para Davi, e
estava certo de que iria ser seu mentor e treiná-lo, e um dia, com grande
honra o colocaria sobre o trono. Davi estava se regozijando na bondade e
fidelidade de Deus.
                          Uma mudança brusca
       Mas um dia tudo mudou. Saul e Davi estavam retornando de uma
batalha, lado a lado, quando as mulheres de todas as cidades de Israel
saíram dançando e cantando, "Saul feriu os seus milhares, porém Davi, os
seus dez milhares". Isto enfureceu Saul e desde aquele dia ele desprezou
Davi. Saul começou a se irritar e a conspirar para matá-lo. A Bíblia diz que
Saul odiou a Davi porque sabia que Deus era com ele. Saul sabia que Deus
havia se apartado dele. Davi é forçado a fugir para salvar sua vida. Sem
nenhum lugar mais para onde ir, ele foge para o deserto. "O que está
acontecendo," Davi pensa, "A promessa estava se cumprindo e agora tudo
foi por água abaixo. O homem que seria meu mentor e líder está tentando me
matar. O que eu posso fazer? Saul é o servo ungido de Deus. Sendo ele
contra mim, quais chances eu tenho? Ele é o rei, o homem de Deus, sobre a
nação de Deus. Por que Deus está permitindo isto?"
       Agora Saul começa a perseguir Davi, de um deserto para o outro, de
uma caverna até a outra, acompanhado dos três mil melhores guerreiros
de Israel, com um propósito de destruir Davi. Neste ponto a promessa era
somente uma sombra, enquanto Davi fugia para sobreviver. Seus lugares
de habitação eram cavernas, ele comia restos de bestas do campo. Ele não
mais estava ao lado do rei, mas era perseguido pelo homem com quem um
dia havia lutado lado a lado.
       Não havia uma cama aquecida, nem servos para servi-lo, nenhum
elogio na corte real. Sua esposa fora dada a outro.
      Como o líder sob o qual Deus o havia colocado poderia estar fazendo
aquilo? Davi certamente lutava contra pensamentos de ira, frustração e
desilusão. Por que Deus não está fazendo nada quanto a isto? Será que Ele
ainda se preocupa comigo? E quanto às promessas? Por que Ele colocaria
Sua mão sobre um homem tão cruel para liderar a congregação do povo de
Sua aliança?
      Saul estava tão determinado a matar este jovem, que sua ira
aumentava. Havia sacerdotes na cidade de Nob que providenciavam para
Davi abrigo, comida e a espada de Golias. Eles não sabiam que Davi estava
fugindo do rei e pensavam que ele estava numa missão para o rei. Eles
pediram ao Senhor por ele e o enviaram em seu caminho.
      Quando Saul descobriu, ele ficou furioso, e acabou matando oitenta e
cinco sacerdotes do Senhor que eram inocentes, e ainda, toda a cidade de
Nob, à espada — todo homem, mulher, criança, bebê e animal. Ele usou
contra eles, os inocentes, o mesmo julgamento que deveria ser usado
contra os Amalequitas. Para se compreender que ele era o escolhido de
Deus, era quase que impossível. Saul era um assassino. Como Deus
poderia ter colocado Seu Espírito em tal homem?
      Muitos dizem que Saul foi a escolha do povo, e que Davi foi a escolha
de Deus. Este comentário errôneo é ensinado por pessoas que não
conseguem imaginar que Deus colocaria um homem insensato em
liderança. É verdade que o povo queria um rei; contudo, Deus escolheu a
ambos, Saul e Davi. Deus disse, "Eu constituí Saul como rei." (1 Sm. 15:11)
      Neste momento Saul descobriu que Davi estava no deserto de En
Gedi, e enviou três mil guerreiros. Durante a jornada, eles descansaram na
caverna em que Davi estava se escondendo. Após Saul e seus homens
haverem se despido para se banhar, as escrituras dizem que os homens de
Davi lhe disseram, "Hoje é o dia no qual o Senhor te disse: Eis que te entrego
nas mãos o teu inimigo, e far-lhe-ás o que bem te parecer."
      Então Davi engatinhou sem ser notado e cortou a barra do manto de
Saul. Após isto, Davi notou o que havia feito: "Ele disse aos seus homens:
'O Senhor me guarde de que eu faça tal cousa ao meu senhor, isto é, que eu
estenda a mão contra ele, pois é ele o ungido do Senhor' Com estas palavras,
Davi conteve os seus homens e não lhes permitiu que se levantassem contra
Saul; retirando-se Saul da caverna, prosseguiu o seu caminho." (1 Sm. 24:4-
7) Com relação à sua consciência, a versão em inglês King James diz,
"sentiu Davi bater-lhe o coração". Ele ainda tinha temor em seu coração por
um líder que trouxe tamanho problema em sua vida. Ele obviamente
resistiu e colocou em submissão seus pensamentos de ira, medo e
frustração.
      Já que ele havia cortado a orla do manto do rei, decidiu usar isto
para provar sua inocência a Saul. A uma distância, Davi se prostrou no
chão e gritou a Saul, "Olha, pois, meu pai, vê aqui a orla do teu manto na
minha mão... Reconhece e vê que não há em mim nem mal nem rebeldia, e
não pequei contra ti, ainda que andes à caça da minha vida para a tirares."
(1 Sm. 24:11, ênfases adicionadas)
       Davi estava preocupado em deixar claro a Saul que ele não era
rebelde nem mau. Davi deve ter consultado seu coração, "Onde eu errei?
Como o coração de Saul se tornou contra mim tão rapidamente?" É por isso
que ele gritou, "Alguém o influenciou para matar-me. Pelo fato de haver eu
cortado a orla do teu manto sem te matar, reconhece que não há em mim
nem mal nem rebeldia." Ele não podia crer que Saul pensaria isto por conta
própria. Alguém deve ter envenenado o coração dele contra Davi, então ele
queria provar sua lealdade a Saul. Ele pensou que se pudesse, Saul lhe
retribuiria o favor, se comportaria gentilmente para com ele, e a profecia se
cumpriria.
       Pessoas que são rejeitadas por pais ou líderes tendem a tomar sobre
si toda a culpa. Eles estão aprisionados pelos pensamentos
atormentadores: 'O que eu fiz? e, 'Meu coração estava impuro?' Eles
carregam o fardo de tentarem constantemente provar sua inocência a seus
líderes. Eles crêem que se puderem tão somente mostrar sua lealdade e
valor, serão aceitos. Mas quanto mais tentam, mais rejeitados eles se
sentem.
       Saul reconheceu a bondade de Davi quando este podia tê-lo matado e
não o fez, e o rei e seus homens saíram. Davi deve ter pensado, O rei me
restituirá. Agora a profecia se cumprirá. Certamente ele viu meu coração e
me tratará ainda melhor agora. Ele será um líder bom e gentil. Oh, quão
longe isto estava da realidade.
                    Ele está determinado a me matar
       Pouco tempo depois, os homens disseram a Saul que Davi estava nas
montanhas de Haquilá. Saul foi atrás dele novamente com os mesmos três
mil soldados. Novamente Saul queria a destruição de Davi. Eu tenho
certeza que a busca incessante de Saul devastava Davi. Ele percebeu que
não era um mal entendido, mas que Saul, intencionalmente, sem
provocação, queria tirar a sua vida.
       Saul conhecia seu coração, mas marchava contra Davi assim mesmo.
Davi percebeu que o que ele pensou durante muito tempo estava errado:
ele estava lidando com um líder cruel. Como poderia Deus colocar Sua
unção sobre tal homem?
       Davi, junto com Abisai, irmão de Joabe, que era um homem que
tinha sede de sangue, secretamente entrou no acampamento de Saul. Deus
havia colocado sobre todos eles profundo sono. Os dois homens entraram
escondidos em todo o acampamento até o lugar onde Saul dormia, Abisai
disse a Davi: "Deus te entregou, hoje, nas mãos, o teu inimigo; deixa-me pois,
agora, encravá-lo com a lança, ao chão, de um só golpe; não será preciso
segundo." (1 Sm. 26:8)
       Abisai tinha muitas razões boas para que Davi lhe ordenasse para
matar Saul. Primeiro, e mais importante, Saul havia matado oitenta e cinco
sacerdotes, suas esposas e filhos — a sangue frio! A nação estava em
perigo sob a liderança de tal homem. Atualmente muitos questionam de
forma similar, especialmente contra líderes da igreja. A única diferença é
que eles não cometem atos sequer distantes destes, em grau de
perversidade.
       Segundo, Deus havia ungido Davi como o próximo rei de Israel pela
palavra de Samuel. Era hora de Davi reclamar o que era sua herança! Será
que ele iria querer acabar sendo morto e nunca cumprir sua profecia? Eu
tenho ouvido este questionamento inúmeras vezes de membros de igreja
desiludidos.
       Terceiro, Saul não havia saído com seu exército de três mil para
matar Davi e seus homens? Era matar ou morrer. Certamente ele estaria
somente se defendendo. Abisai sabia que qualquer corte da lei os
absolveria. É claro, este questionamento seria ainda mais contestado em
nossos dias. Nós iríamos apoiá-los sem pensarmos duas vezes.
       Quarto, não foi Deus quem colocou o exército em sono profundo para
que eles pudessem entrar e andar até Saul, cumprindo assim Sua vontade
de livrar a nação de um líder tão cruel? Eles tiveram a chance, e talvez
nunca acontecesse novamente. Era hora de buscar o cumprimento da
profecia! Quantas equipes de igreja têm pensado assim quando seu líder
está caindo? Eles pensam, Deus o colocou numa posição onde podemos
agora removê-lo de estar nos liderando. Este questionamento somente
expõe corações insubordinados.
       Todas estas razões pareciam boas, faziam sentido, e Davi estava
recebendo encorajamento de outro irmão leal. Então, se Davi tivesse pelo
menos um pouquinho de rebelião em seu coração, teria pensado em
permitir que seu assistente encravasse a espada em Saul, e teria se sentido
totalmente justificado. Contudo, ouça a resposta de Davi: "Não o mates,
pois quem haverá que estenda a mão contra o ungido do Senhor e fique
inocente?" (1 Sm. 26:9) Colocando nos termos de hoje, "Não toque nele com
palavras nem ações, pois quem pode atacar seu líder e permanecer
inocente?"
       Davi não o queria matar, embora Saul tivesse assassinado pessoas
inocentes e o quisesse matar também. Davi não quis vingar-se; ele deixou
nas mãos de Deus. Teria sido mais fácil colocar um fim em tudo aquilo ali
mesmo — mais fácil para Davi e para o povo de Israel. Ele sabia que a
nação estava com ovelhas sem um pastor. Sabia também que pessoas
egoístas estavam se aproveitando deles por causa de seus próprios
interesses. Era difícil não defender a si mesmo, mas talvez fosse ainda mais
difícil não defender o povo que ele tanto amava, de um líder tão irado!
       Davi tomou a decisão, embora ele soubesse que o único conforto de
Saul era ver a sua destruição. Davi provou a pureza de seu coração quando
poupou a vida de Saul pela primeira vez. Mas ainda assim ele não o tocou.
Saul era o ungido do Senhor. Ele era o servo de Deus, e Davi deixou Saul
nas mãos de Deus para ser julgado. Davi foi sábio quando ele escolheu
deixar que Deus julgasse a Saul. Você pode perguntar, "Quem Deus usou
para julgar Saul, Seu servo?" A resposta: os filisteus. O Senhor muitas
vezes usa homens não salvos ou instituições do mundo para trazer
julgamento sobre os Seus líderes na igreja. Saul morreu na batalha junto
com seus filhos. Quando as novas chegaram a Davi, ele não celebrou. Ele
pranteou!
      Na verdade, Davi executou o homem que disse que havia matado
Saul, embora ele não o tivesse feito. Ele pensou que com a notícia ganharia
o favor de Davi, mas o efeito foi oposto. Davi respondeu, "Como não temeste
estender a mão para matares o ungido do Senhor?" Após a execução, Davi
disse ao homem morto, "O teu sangue seja sobre a tua cabeça, porque a tua
própria boca testificou contra ti, dizendo: Matei o ungido do Senhor." (2 Sm.
1:16)
      Davi então compôs uma canção para o povo de Judá e seus filhos
cantarem em honra a Saul e seus filhos. Ele ordenou que o povo somente
não cantasse nas ruas das cidades dos filisteus, senão o inimigo se
regozijaria. Ele proclamou que não houvesse chuva nem colheita nos
montes onde Saul fora morto. Ele chamou todo o Israel para que
lamentasse sobre Saul. Este não era um homem que procurava vingança,
que não honrava seu líder. Não, tal homem teria dito, "Ele recebeu o que
bem merecia!"
      Davi foi ainda mais longe. Ele não matou o restante da semente da
casa de Saul; pelo contrário, mostrou bondade para com eles. Ele lhes deu
terra e comida, e garantiu a um de seus descendentes um lugar à mesa do
rei. Será que isto soa como alguém que ficou feliz ao ver seu inimigo cair
em julgamento? Os que são rebeldes no coração se alegram ao ver líderes
espirituais caindo. Eles pensam, Eles receberam o que mereciam. E
geralmente estas pessoas ajudam com comentários que ajudam a empurrá-
los ainda mais perto de sua punição. Eles não têm o coração que Davi
tinha. Não são, portanto, segundo o coração de Deus.
                         Posicionado a abençoar!
      Precisamos ter em vista que é um dos propósitos benéficos de Deus
nos colocar sob tratamento injusto nas mãos de autoridades. Ele usa isto
para nos posicionar, a fim de sermos abençoados. Pedro continuou a
exortação: "Não pagando mal por mal, ou injúria por injúria; antes, pelo
contrário, bendizendo; pois para isto mesmo fostes chamados, a fim de
receberdes bênção por herança." (1 Pe. 3:9)
      A bênção pode não consistir em coisas materiais, embora muitas
vezes o seja; mas, também pode ser coisas em áreas mais importantes,
como um caráter segundo o de Cristo, avanço do reino ou galardão eterno,
Quando nos submetemos à autoridade de Deus, nenhum mal pode atingir
nosso bem-estar espiritual. Pedro deixou claro dizendo, "Ora, quem é que
vos há de maltratar, se fordes zelosos no que é bom?" (1 Pe. 3:13) O
contexto desta exortação é o de seguirmos o exemplo pessoal de Jesus.
       Com relação ao caráter como o de Cristo, Pedro admoestou, "Pois,
também, Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos
injustos... Ora, tendo Cristo sofrido na carne, armai-vos também vós do
mesmo pensamento; pois aquele que sofreu na carne deixou o pecado." (1 Pe.
3:18,4:1)
       Pedro nos instruiu a nos prepararmos para sofrimentos similares ao
que Cristo sofreu, o que, no contexto de sua epístola, se refere a um
tratamento injusto das autoridades. Você pode imaginar homens militares
indo à batalha sem armamento? Que ridículo. Mesmo assim, muitos
cristãos não estão armados para sofrer tratamento insensato. Quando
atingidos, eles entram num estado de choque, espanto ou assombro. Eles
reagem num nível de questionamento ao invés de agirem segundo o
princípio de autoridade.
       Permita-me dar-lhe outro exemplo de alguém que esteja armado.
Uma parte crucial no treinamento de pilotos é o uso do simulador de vôo.
Nestes simuladores os pilotos são confrontados com quase todos os tipos
de emergência que poderão enfrentar. Na segurança deste cenário eles
aprimoram suas capacidades de reação até que possam, com sucesso,
enfrentá-las. Esta preparação os arma para emergências. Se alguma coisa
acontecer no vôo verdadeiro, os pilotos não entram em pânico — eles
reagem, armados e guiados pelo treinamento extensivo. Embora os
passageiros possam entrar em pânico e dar lugar ao choque e histeria, os
pilotos permanecem calmos e em controle total. Investigadores que revêem
as gravações em tapes do contato de aviões que colidiram ficam
impressionados com a calma na voz dos pilotos. Geralmente não há pânico
em sua voz, até mesmo no momento antes do impacto. Eles estavam
armados!
       Este livro poderia servir-lhe como um manual de treinamento. A
Palavra de Deus dentro desta mensagem prepara-o ou arma-o para as
curvas que a vida prepara para você com relação à autoridade. Se você
reagir corretamente, experimentará bênçãos. Pedro nos diz que aqueles que
seguem o exemplo de Cristo e seu sofrimento cessam o pecado. Que
comentário! Em outras palavras, aqueles que corretamente lidam com
tratamento injusto nas mãos de autoridades chegam a um lugar de
maturidade espiritual.
       Existe uma promessa ainda maior. Paulo disse,
 "Fiel é esta palavra: se já morremos com ele, também viveremos com ele; se
         perseverarmos, também com ele reinaremos." (2 Tm. 2:11-12)
       Autoridade espiritual é promessa para aqueles que sofrem como
Cristo. Quanto maior a dificuldade que você enfrentar, maior autoridade
Deus lhe dará. Novamente você pode ver que Deus o posiciona para ser
abençoado quando você encontra autoridades insensatas. Mas você reagirá
corretamente e receberá sua bênção, ou você ressentirá e dará lugar à ira?
A escolha é sua. Escolha o caminho de vencedor, que é a vida!